Marília

Dallagnol incentivou investigações sobre Dias Toffoli, inclui resort no Paraná

Dallagnol incentivou investigações sobre Dias Toffoli, inclui resort no Paraná

O procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa do MPF para a Operação Lava Jato, divulgou série de mensagens com informações e incentivo para que colegas da Procuradoria Geral da República, em Brasília, investigassem o ministro do STF José Antonio Dias Toffoli, mariliense.

As mensagens obtidas pelo Intercept e divulgadas na série de reportagens Vaza Jato, mostram que Deltan Dallagnol buscou  informações sobre as finanças pessoais de Toffoli e sua mulher, além de evidências que os ligassem a empreiteiras envolvidas com a corrupção na Petrobras.

O material inclui a remessa de informações sobre uma onda de boatos antiga na região: a de que Toffoli é sócio oculto em um ressort de luxo em Ribeirão Claro, no Paraná. O resort, na divisa com o Estado de São Paulo, é muito frequentado por público de classe média-alta e alta de Marília.

Fica na região conhecida como “Angra Doce”, uma comparação com as praias paradisíacas de Angra dos Reis, no mar do Rio de Janeiro.

Mas as mensagens tratam de outras informações a serem investigadas. As mensagens, sem indicação das fontes, foram encaminhadas em 2016, quando Toffoli ainda não era presidente do STF.

Para o Intercept, Dallagnol estimulou “uma ofensiva contra Toffoli e sugerem que ele também recorreu à Receita Federal para levantar informações sobre o escritório de advocacia da mulher do ministro, Roberta Rangel”.

O chefe da força-tarefa começou a manifestar interesse por Toffoli em julho de 2016, quando a empreiteira OAS negociava um acordo para colaborar com as investigações da Lava Jato em troca de benefícios penais para seus executivos.

“Caros, a OAS trouxe a questão do apto do Toffoli?”, perguntou no grupo Acordo OAS, no Telegram. “Que eu saiba não”, respondeu o promotor Sérgio Bruno Cabral Fernandes, de Brasília. “Temos que ver como abordar esse assunto. Com cautela.”

Em 27 de julho de 2016, Dallagnol procurou Eduardo Pelella, chefe do gabinete do então procurador-geral Rodrigo Janot, para repassar informações que apontavam Toffoli como sócio de um primo no resort.

No dia 28, fez novo contato com Pelella. “Vc conseguiria por favor descobrir o endereço do apto do Toffoli que foi reformado?”, perguntou. “Foi casa”, respondeu Pelella. Ele evitou esticar a conversa na hora, mas informou o endereço a Dallagnol dias depois.

O Intercept aponta que duas decisões de Toffoli no STF tinham contrariado interesses da força-tarefa nos meses anteriores.

“Ele votara para manter longe de Curitiba as investigações sobre corrupção na Eletronuclear e soltara o ex-ministro petista Paulo Bernardo, poucos dias após sua prisão pelo braço da Lava Jato em São Paulo.”

Os procuradores Carlos Fernando dos Santos Lima e Diogo Castor de Mattos, da força-tarefa de Curitiba, chegaram a criticar Toffoli num artigo publicado pela Folha no início de julho daquele ano.


O procurador Orlando Martello sugeriu que os colegas pedissem à Secretaria de Pesquisa e Análise (SPEA) da Procuradoria-Geral da República um levantamento sobre pagamentos da OAS ao escritório da mulher de Toffoli.

“A respeito do Toffoli, peçam pesquisa para a Spea de pagamentos da OAS para o escritório da esposa do rapaz q terão mais alguns assuntos para a Veja”, disse Orlando no Telegram.

Em resposta ao colega, Dallagnol afirmou que a Receita Federal já estava pesquisando o assunto, mas disse que não sabia dos pagamentos que teriam sido feitos pela OAS. “A RF tá olhando”, escreveu o chefe da força-tarefa. “Mas isso eu não sabia.”