Marília

Desafio é levar projeto para a rede pública

Desafio é levar projeto para a rede pública

O desafio é levar o projeto Amor de Criança para a rede pública, para dentro do sistema, trabalhar junto com as Unidades de Saúde. O atendimento precisa estar todo integrado. Muitos dos procedimentos e equipamentos necessários não são reconhecidos, credenciados ou padronizados.

O caso clássico é o atendimento odontológico, que obriga famílias a viajar por duas horas, com custos altos além dos procedimentos de saúde. Tudo poderia ser feito na cidade. A verba já existe, já é gasta. Só precisa ser autorizada para Marília, com economia das viagens e dos riscos, como o enfrentado por Sandra Ribeiro Silva, mãe de Gustavo, 13. O menino tem 20 quilos e na última viagem a Araçatuba sofreu um acidente, com fratura de fêmur. Um mês internado e problemas extras.

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“Não adianta incluir um serviço, por exemplo o tratamento odontológico, se não incluir a estrutura de atendimento hospitalar. A criança recebe anestesia geral no atendimento, há possibilidade de o caso apresentar uma situação de UTI. Se não estiver integrado essa família vai ter dificuldades”, explica Marcia Mesquita Serva Reis, , superintendente da ABHU (Associação Beneficente Hospital Universitário)..

A dirigente explica que o objetivo é aproximação com a rede municipal e a divisão de tarefas. Há atividades simples do programa, como pesagem, acompanhamento de nutricionistas, que podem ser feitos pelas unidades de saúde da família. Há o atendimento de alta complexidade que depende do hospital e sua estrutura.

“As unidades de saúde da família têm as equipes móveis. Já atendem em 50% da cidade e podem muito bem entrar neste projeto, dividir as funções. O que nós precisamos é regulamentar essa aproximação”, disse o secretário municipal da Saúde, Luiz Takano, que hoje (18) conheceu detalhes do projeto.

Mas o secretário reconhece que a burocracia é um entrave. O que foge da relação de equipamentos, produtos e estruturas não pode ser fornecido. Os serviços não credenciados não podem ser pagos com verbas do SUS e qualquer compra simples que contrarie as normas pode resultar em ação contra os agentes públicos.

Funciona como o caso de remédios não fornecidos na rede pública. Os pacientes conseguem por atalhos, especialmente sentenças judiciais. Assim, uma saída para as famílias receberem atendimentos seria uma ação judicial cobrando do SUS o atendimento na cidade.

“O caso das viagens é absurdo. Envolve os gastos, envolve os procedimentos para pacientes de Marília, envolve os custos da viagem, de acomodação, desconforto. Sem contar que as mães precisam acompanhar e muitas vezes têm outros filhos. São mães que muitas vezes não podem nem ir buscar a alimentação, porque não tem transporte, não têm com quem deixar os filhos e o leite não pode ser entregue a outra pessoa”, explica Márcia Mesquita.

Enquanto a burocracia patina, o projeto avança. “As crianças atendidas melhoram muito. O serviço vai além das 44 crianças, atende as famílias, as mães se cuidam, as mães acham aqui o tempo para exames, cuidados básicos com elas mesmas. O projeto atende todo esse complexo em volta, mas infelizmente tem limitações.”