Um problema histórico que o interesse eleitoral de baixo nível e o puxasaquismo reinante esconderam dobra a conta na epidemia do coronavírus: o governo do Estado trata mal a saúde da região há décadas e as autoridades locais sempre fingiram que não viam.
Enquanto comemoravam cada investimento ridículo em uns poucos equipamentos no Hospital das Clínicas, a regional de saúde avançou muito pouco em estrutura, uma comparação de dados que não aparece em nenhum dos pronunciamentos de agora, tão fartos em análises de regiões.
A região que envolve a análise da epidemia em Marília envolve um mapa enorme que vai de Adamantina com 140km de distância a Santa Cruz do Rio Pardo – com 90km de distância.
O maior hospital e referência é o HC em Marília. Levada para outras regiões, como a capital, Campinas, Bauru ou Ribeirão Preto, estas distâncias envolveriam diversas cidades e estrutura hospitalar muito maior.
Ah, mas são cidades maiores, com maior população, que justificam os hospitais.
Certo, mas nem seria necessário ter enormes centros médicos, apenas hospitais mais estruturados em cidades estratégicas que aliviariam o HC, criariam distâncias menores para pacientes, mais saúde para todos.
O sofrimento diário histórico de pacientes lançados nas rodovias para conseguir o atendimento em Marília já há muito tempo exigiriam mais estruturas. A epidemia mostra essa situação com mais clareza.
Some-se à isso o subfinanciamento do HC, a demora em terminar as reformas e ampliação para o atendimento materno infantil e a modernização do parque tecnológico, as décadas de indefinições para funcionários e o arrocho de salários. O pouco que existe é maltratado.
O descaso toma conta da saúde.
Contra ele faltou vontade política, faltou prioridade para equipar a região e sobraram eleitos assistindo calados na gritante maioria dos casos a esta situação.
Atacar Doria pelas regras não é de todo absurdo. Embora haja protocolos de medicina para as decisões, os critérios de aplicação da quarentena não estão nos protocolos.
A regionalização poderia ser maior, o que criaria mais áreas de avaliação, menos impacto de cidades tão distantes.
A falta de estrutura na saúde das cidades menores é um obstáculo nessa ideia. Doria tem menos de dois anos de participação nisso, embora tenha apoiado e seja candidato do grupo que há décadas comanda o Estado.
A conta é antiga. A epidemia mostrou problemas que já haviam no atendimento a câncer, cirurgias de média e alta complexidade e outros problemas.
A região vai pagar esse preço. Resta saber se vai aprender e como vai reagir a cada foto risonha de anúncios banais de emendas, monitores ou outros pequenos investimentos, sempre tão distantes de nossa necessidade real.