Marília

Destaque no Fantástico, professor de Marília pede valorização de escolas

Destaque no Fantástico, professor de Marília pede valorização de escolas

O professor Antonio Batista, 71 anos, alvo de uma homenagem divulgada pelo programa Fantástico, no último domingo, disse ao Giro Marília que a valorização da escola, dos educadores e dos espaços para estudantes pobres é a solução para igualdade social, segurança e valorização do ser humano no país.

Batista desenvolveu sua formação e carreira pública em São Paulo, onde iniciou um projeto que rendeu a homenagem. Mas durante os seis últimos anos da carreira, entre 2008 e 2014, lecionou na rede estadual de ensino em Marília.

Foi docente nas escolas Amílcare Mattei e Valdemar Muniz da Rocha Barros. Hoje atua com palestras em escolas e militância pela educação. Segue na militância pela educação e defende ensino universal, público, de qualidade e com valorização dos professores.

Antonio Batista durante atuação em São Paulo, imagem mostrada no Fantástico

No Fantástico, Batista recebeu a homenagem de uma ex-aluna, que de estudante de baixa renda passou a executiva de uma multinacional e partir do apoio e formação oferecida por Batista.

Enquanto atuava como professor na rede municipal de São Paulo, Batista usava os finais de semana para visitar estudantes da periferia e incentivar estudos e participação e ingressos em cursos como escolas técnicas federais.

“Muitos entraram, alguns na federal, alguns em universidades como USP. E tive outras homenagens. Uma aluna de economia da USP citou em monografia. Uma professora da Unesp usou meu projeto como tese de mestrado e uma aluna fez uma homenagem na banca de doutorado da USP”, conta o professor.

Professor Antonio com esposa e a filha em foto do álbum de família

Casado, pai de dois filhos biológicos ‘e tenho dois de coração’ e avô de uma neta, Batista mudou para Marília, onde tem familiares, após a aposentadoria na prefeitura paulista. Estudou filosofia e teologia em formação inicial para atuar como padre. Deixou a ideia da batina, estudou matemática, física e segue estudando.

Conheça um pouco mais das opiniões do professor sobre temas polêmicos na educação:

– Trabalho na periferia
“Todos nós nascemos com talentos. É preciso que a sociedade ofereça a oportunidade para que os talentos se desenvolvam. Sem as oportunidades os talentos morrem ou produzem muito pouco.”

– Escola pública
“Infelizmente nossa sociedade não tem compromisso com os pobres. Antes de 1962 a escola de qualidade era a pública. Com a Unesco pressionando o Brasil para ofertar ensino a toda criança, porque o número de analfabetos era muito grande, tinha que ampliar matrículas. Significa maior investimento com professores, construção de escolas, manutenção. O que foi ocorrendo foi caindo a qualidade do ensino.”

Antonio com a ex-aluna Marly, diretora de multinacional, durante homenagem no Fantástico

– Salários de professores
“O professor precisa ter salário melhor, precisa estudar, ler, senão vai ficar analfabeto com os alunos. Entendo ser necessário pelo menos um piso salarial de R$ 5.000”

– Cotas
“Sou favorável. As desigualdades, sem você estabelece as mesmas condições, permanecem. Colo sempre como duas alturas. Para fazer que as pessoas tenham a mesma altura, você tem que dar um banquinho, senão nunca vai ficar. O banquinho não pode ser para sempre, é preciso que sociedade se organize para cobrar ensino de qualidade. Os desiguais têm que ser tratados de forma desigual.”

– Ensino médio à distância
“Acho que o correto seria o presencial. Alguns alunos não precisam nem de escola, são autodidatas, não vou criticar o modelo à distância, mas é preciso cuidado para não escamotear a formação em detrimento da qualificação, a qualidade do ensino.“

– Escola sem partido
“Isso é uma besteira. O que é escola com partido? Partido o nome já diz, é uma organização sócio-político que representa uma parte da coletividade. A escola trabalha com conhecimento em todas as áreas. Como vou falar do nazismo, do socialismo na União Soviética sem fazer uma análise crítica. Ou você acha que todo professor é marxista? A escola é local para todas as cores e o aluno faça sua opção. Ninguém pode impor. Totalitarismo é sempre negativo, temos que favorecer o humanismo”

– Identidade de gênero
“Temos que conviver sabendo que somos depende de tudo e de todos. A questão do bullying muitos alunos vão até a morte. No Amílcare tinha um estudante com tendências afeminadas. Ele chorava. Eu não devo falar com os demais sobre essa situação? Ele iria se matar. Porque para essa gente a tendência afeminada é safadeza, e não é. O professor tem que trabalhar essa situação. Mostrar que a pessoa é além da sexualidade e como tal tem que ser respeito. Você respeita uma pessoa pela condição de ser humano.

O Estado quando começa a querer ditar costumes é o primeiro passo para o totalitarismo. Os costumes são da sociedade, você tem que trabalhar sem imposição, é da liberdade individual. O indivíduo tem que ser respeito por suas qualidades de ser humano.”