Marília

Dia 'de sonho' em show tem desafios, calor e cenas ‘devastadoras’ no RJ, relata médica de Marília

Dia 'de sonho' em show tem desafios, calor e cenas ‘devastadoras’ no RJ, relata médica de Marília

A médica Paloma Nunes Libanio, especialista em saúde pública e superintendente do HC de Marília, foi testemunha e vítima do drama criado pela combinação de onda de calor, falta de meios de proteção e excesso de restrições durante o show superlotado da cantora Taylor Swift, no Rio de Janeiro. “Cenas devastadoras”, relatou a médica ao Giro Marília.

Paloma foi ao Engenhão, o estádio do Botafogo em que o show foi realizado, para levar a filha, estudante a caminho do ensino médio, que como multidões de jovens sonhava estar naquela plateia.

A viagem começou com planejamento técnico – a médica adotou série de precauções para a onda de calor – e cuidados extras. A menina sofreu acidente doméstico alguns dias antes, deixou da ir de uma viagem da turma da escola: tinha o show.

“Desistir? Não tinha essa opção. E lá estava ela. Com as queimaduras (bem cuidadas) e uma sensação térmica de 60 graus”, contou a médica em redes sociais.

Paloma relatou dificuldades na chegada: filas quilométricas, sombrinhas, leques, longa espera. Piorou para entrar no estádio. “Realmente não permitiram entrar com água, protetor solar, e até curativo que eu tinha na bolsa teve que ser descartado”, contou.

O show aconteceu, o público cantou e dançou, teve show de luzes, muita interação e emoção. E também teve caos. Uma estudante de 23 anos morreu vítima de uma parada cardiorrespiratória no local e aproximadamente mil outros fãs tiveram que ser atendidos com quadros de desmaios, pressão baixa, desidratação.

“Inclusive prestei apoio à algumas. Infelizmente foi uma cena comum durante o show da Sabrina e durante as 3,5h de show da Taylor (show longo para o calor que estava)”, contou a médica ao Giro Marília.

Paloma Libanio explicou que a cantora solicitou à equipe que fosse distribuída água grátis e assim foi feito, mas eram poucas unidades para multidão. Público estimado em 60 mil pessoas.

“Hidratamos bastante durante a fila e lanches leves. Utilizamos proteções possíveis (sombrinha, protetor solar e leque)”, explica. Mas só até entrar no estádio. Na portaria não permitiram entrar com leques, sombrinhas e nem as garrafas de água que ela carregava. Era preciso comprar lá dentro.

“Cheguei a fazer orientações e atendimentos pontuais, pois eram muitas pessoas com episódios de síncope e hipotensão. Várias pessoas sentadas e até deitadas na pista com queda de pressão”, relata a médica.

Ela acredita que o show será exemplo e vai provocar novas posturas e citou anúncio do ministro da Justiça, Flávio Dino, com novas regras. Afirmou que também ai mudar algumas posturas pessoais, como consultar informações sobre essas condições de atendimento em novos eventos. “Com certeza. Mas os cuidados individuais também podemos ter.”

A médica analisou ainda os transtornos pelo adiamento do segundo show quando já havia uma multidão no estádio – o cancelamento foi anunciado duas horas antes -.

“Isso foi um equívoco muito grande dela e da equipe. Pois já conheciam a previsão do tempo. Mas por aqui estamos todos muito assustados com show de ontem. Não só pela morte…mas pela quantidade de pessoas que passaram mal. Foram cenas devastadoras.”