Documentos com processos administrativos sobre as obras sumiram. Uma empresa prestadora de serviços cobra uma dívida milionária. Às vésperas de retomar a implantação da rede de coleta e tratamento de esgoto, batizada como a “obra do século” em Marília, a prefeitura descobre novos problemas e abre duas sindicâncias sobre os investimentos.
E parece difícil dizer qual seja o pior o problema. A portaria 34060 da Corregedoria do Município instaura sindicância “considerando o extravio do Processo nº 9896/2012que trata sobre a suspensão do contrato relativo a implantação dos sistemas de afastamento e de tratamento de esgoto.
Em 2017, uma cidade de 235 mil habitantes no Estado mais desenvolvido do país perdeu um processo inteiro com documentos sobre o que é provavelmente sua maior obra em quase 90 anos de existência. E a sindicância vai “apurar eventual cometimento de falta disciplinar”.
Já a sindicância 34062 vai investigar o contrato do Daem com a TCRE – Engenharia Ltda, que venceu uma licitação em maio de 2012, só foi contratada em abril de 2013 e cobra da Prefeitura uma dívida deixada pela administração anterior no valor de R$ 2,93 milhões.
A empresa foi contratada para prestar assessoria técnica e gerenciamento com fiscalização das obras remanescentes de implantação do sistema e encaminhamento de esgoto das bacias do Barbosa, Pombo e Palmital, que acabaram paralisadas em 2015.
Enquanto investiga os problemas, a prefeitura movimenta uma licitação que deve provocar a retomada da oba para concluir a implantação de tratamento nas bacias do Barbosa e do Pombo. O governo Federal já renovou o contrato que prevê repasses do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) e a “obra do século” só precisa superar alguns obstáculos de engenharia e grandes abismos de organização e controle internos na cidade.