Podemos dizer que estamos vivendo um início de ano “quente” na política mariliense. Trocas no secretariado, impugnação de licitação da obra de esgoto, enfrentamento público entre autoridades baseado em meias verdades, rompimentos políticos, etc. Diferentemente daquilo que afirma a Prefeitura, que fez questão de negar o teor partidário e político da troca de Beto Cavallari na pasta da Educação por Helter Bochi, tudo isto “É a Política Sim, Estúpido!”. A tal da Velha Política de interesses duvidosos tentando sobreviver às eleições de 2018.
Entre outros motivos, a troca de Beto Cavallari à frente da Secretaria da Educação foi realizada na ponta do lápis do cálculo político. O novo secretário, diga-se de passagem, de bom currículo e serviços prestados à rede de educação, é apadrinhado por vereadores de diversos partidos, principalmente do PR (Partido da República), cujo presidente é chefe de gabinete de Daniel Alonso. O mesmo PR que deverá lançar a dobradinha Capitão Augusto (deputado federal) e Dani Alonso (deputada estadual) nas próximas eleições de outubro com apoio do Prefeito. Mais, o mesmo PR que declarou apoio à eleição para o governo ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) de Marcio França e Camarinhas. Além disso, cabe destacar o papel do Secretário da Fazenda Levi Gomes na ascensão de Helter, o qual possui vínculos estreitos com a nora do secretario, que foi imediatamente alçada a Supervisora de EMEI.
Na mesma teia de interesses está em jogo também o cargo de Presidente da Câmara de Marília. O vereador Albuquerque deu aquela forcinha na exoneração de Beto Cavallari em troca de uma mãozinha pela presidência da Câmara em 2019. O PRB (Partido Republicano Brasileiro) tem mandato e votos, o PPS (Partido Popular Socialista), não. Exclui-se o mais fraco, enfraquecendo a candidatura do PPS na cidade para deputados estadual e federal. Sem deixa-la morrer, obviamente.
De quebra, acena-se ao Delegado Damasceno apoio “meia boca” também a pré-candidatura dele a deputado estadual e de Zé Luiz Queiroz, a deputado federal. Assim, “mata-se” politicamente os dois maiores nomes do PSDB. Até porque um pai não vai dividir esforços políticos contra a própria filha. Lembrando ainda que há promessas de apoio também a Walter Ioshi, padrinho do líder do governo, Marcos Rezende, que também quer ser Presidente da Câmara em 2019. Para entornar o caldo, tem promessa de apoio a Pedro Tobias, Reinaldo Alguz, Evandro Gussi e tantos outros representantes da velha política.
A esta altura, você deve estar pensando: “Mas, não tem votos na cidade para tanto candidato”. Exato! O cálculo político desta tática de neófitos despreparados é este. Primeiro, elegemos Dani Alonso com poucos votos em um partido pequeno; segundo, deixamos todos atuais aliados do governo nanicos, sem força política para 2020; terceiro, ao fomentar tantos candidatos de dentro e de fora de Marília, dificultamos a eleição da família Camarinha em 2018 e os deixamos enfraquecidos para o pleito municipal; quarto, refazemos a base de governo com novos aliados nanicos, sem força de ameaça para 2020; quinto, se contarmos com a sorte, um bando de indivíduos também saem candidatos para facilitar ainda mais a nossa vida, entre eles Nechar, Bulgareli, Farto, Vilela, Guerra, Fernandes, etc.; e sexto, melhoramos a administração, reconquistamos os servidores com aumento salarial e um arremedo de plano de carreira e assim preparamos um novo “nós-contra-eles” em 2020. Neste raciocínio, os aliados traídos e os novos agregados cooptados pela pasta da Educação terão obrigatoriamente que cair no colo da atual administração marchando firme para a reeleição. Perpetuando, dessa maneira, o jeito velho de fazer política. Fecha-se a equação!
O problema é que a traição na política não tem perdão. Entre amigos então … Aquele que troca amizades antigas e verdadeiras pelo poder e pelo dinheiro fácil sempre abre para si próprio a Caixa de Pandora. Cálculo e tática perfeitos: só falta combinar com os Russos.