Marília

Economia deve exigir esforço e criatividade em entidades assistenciais

Terêncio Bertolini, voluntário e dirigente em diferentes entidades na cidade
Terêncio Bertolini, voluntário e dirigente em diferentes entidades na cidade

A comunidade evoluiu, os serviços públicos evoluíram e as entidades de assistência devem evoluir e mudar também. Mudar, criar e manter formas de atender e ajudar as pessoas, especialmente em um ano com muitas dificuldades financeiras. A avaliação é de um especialista em entidades de atendimento público: Terêncio Bertolini, 73.

Voluntário e dirigente em diferentes instituições – especialmente no Hospital Espírita e na Fundação Eurípides Soares, hoje Univem – Terêncio Bertolini acompanhou o desenvolvimento e a atuação de muitas entidades hoje esvaziadas, como o Lar de Meninas Amelie Boudet, que durante muitos anos foi abrigo e asilo para crianças e adolescentes.

Hoje a entidade está em reformulação e deve ser no futuro um dos exemplos de mudanças que ele projeta e defende. “Muitas instituições vão ter que mudar o foco. Vejo essa mudança como uma evolução”, explica.

GIROMARÍLIA – Muitas entidades reduziram e até pararam atendimento. Como o senhor vê esse quadro?

TERÊNCIO BERTOLINI – Vejo uma evolução normal, progresso que a comunidade vem caminhando. Quando foram criadas  as entidades com o Lar Amelie Boudet ou a Filantrópica e o próprio Hospital Espírita, o povo assistido sofria necessidade grande e não tinha com quem  socorrer-se. O poder público não tinha recursos e estruturas que acabaram surgindo.

O povo organizou-se e evoluiu em métodos, conhecimentos, tecnologia. Além disso, evoluiu a visão do atendimento. A visão hoje não é de afastar a pessoa do lar, mas de manter vínculo com a família. Isso leva todas as entidades a modificar seu trabalho. O trabalho agora é de suporte ao lar, família, mesmo a psiquiatria vem sofrendo modificações. Uma evolução.

GIROMARÍLIA – Obriga também um novo perfil de envolvimento das famílias?

TB – Exatamente. A família está sendo chamada a assumir sua responsabilidade. A família passa a ser o centro do atendimento, que precisa ir até o lar. A pessoa a ser atendida não deixa mais o convívio familiar, não precisa de asilos, abrigos. E só para voltar ao que estava falando, o caso da Amelie Boudet é exemplo de mudança. Sempre foi uma casa de asilo. A saída foi planejar novo tipo de serviço, que hoje é mais exigido. e deve voltar ao atendimento como creche. Um número cada vez maior de mulheres não tem com quem deixar os filhos para ir trabalhar. Então o atendimento tem que evoluir.

GIROMARÍLIA – Como o senhor vê a saúde financeira das instituições para enfrentar estes novos desafios?

TB – 2015 deve ser um ano de arrocho, até pelas medidas que já estão sendo tomadas. Então vamos ter que trabalhar mais para superar a crise. A gente costumava ver o Brasil como um país em formação como potência e vemos hoje muitos países menores que estão socialmente economicamente mais desenvolvidos. Isso vai exigir mais trabalho, vai exigir esforço de todo mundo.