Marília

Eleição na Famema tem duas chapas e ameaça de boicote

Eleição na Famema tem duas chapas e ameaça de boicote

A Congregação que gerencia as faculdades no Complexo Famema faz nos dias 20 e 21 eleição para diretoria com duas chapas na disputa e uma ameaça de boicote de alguns alunos e funcionários. O mandato terá quatro anos, até 2020.

Os médicos Valdeir Queiroz Fagundes de Queiroz e José Augusto Sgarbi apresentaram na noite desta quarta-feira seus nomes como candidatos da oposição.

Eles vão enfrentar a chapa de situação encabeçada pelo atual diretor, o médico Paulo Michelone, com Luiz Melges como candidato a vice.

Esta quarta-feira foi o último dia de registro de chapas. A eleição terá cinco locais de votação: nos três hospitais do Complexo Famema (HC, Materno-Infantil e São Francisco), no Hemocentro e na sede da faculdade. A apuração começa às 17h30 do dia 21, terça-feira, no auditório Mário Cosentino, ao lado da faculdade.

Podem votar professores, funcionários e alunos, com uma cláusula de proporcionalidade que dá aos votos de docentes o peso de 70% e aos alunos e funcionários os 30% restantes.

Mas os candidatos precisam ir além da votação. Como a Famema foi transformada em autarquia estadual, vinculada à Secretaria Estadual da Ciência e Tecnologia, os futuros dirigentes dependem de aprovação do governador Geraldo Alckmin, que deve receber os nomes em uma lista tríplice para escolha.

Os eleitos herdam uma instituição com 50 anos, vinculada ao governo do Estado e gerenciada com suporte de duas fundações municipais, responsável por cursos de medicina e enfermagem com atuação em três hospitais da cidade e responsáveis por atendimento do SUS a pacientes de 62 municípios.

Herdam servidores com salários em dia mas congelados por conta de crise financeira e falta de maior repasse do governo do Estado. Também recebem cursos com pressão para que a autarquia estadual seja absorvida por uma das três universidades estaduais (USP, Unicamp ou Unesp)

Valdeir Queiroz é médico e docente na área de gastroenterologia, com pós-graduação na USP e MBA em gestão hospitalar pela Fundação Getúlio Vargas.  Sgarbi, médico e docente na área de endocrinologia, presidente da Sociedade Brasileira de Endocrino em São Paulo.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Valdeir Fagundes disse que o propósito da chapa é “resgatar a credibilidade da instituição, colocando-a entre as melhores do Brasil, lugar de onde nunca deveria ter saído”.

O médico afirmou ainda que pretende tornar a Famema descentralizada, democrática e transparente, “sem politica de privilégios, sem medo”.

​Sgarbi afirmou que a chapa pretende abrir espaços para a pós-gradução, especialmente para implantação do doutorado. Hoje a Famema oferece apenas mestrado. A proposta é comum às duas chapas.

O diretor Paulo Michelone, que cumpre o primeiro mandato e antes disso foi vice-diretor, afirmou que o momento exige medidas de continuidade e dirigentes com experiência na administração. “Não é momento para quem nunca dirigiu, nunca administrou”.

Disse que nos últimos quatro anos a Famema viveu anos de avanços, um processo importante de separação do complexo de atendimento médico, que passou a ser gerido pela autarquia HC Famema. “É uma fase de transição que não pode parar, precisa ter uma continuidade.”

Michelone disse que seu novo mandato terá programa de revitalização dos cursos, ampliação da oferta de cursos além de continuidade em processos já iniciados, como pedido para implantar campus da Famema. “Pedimos uma área à prefeitura. Pedimos 10 alqueires. Hoje se a secretaria estadual quiser dar verba para construir laboratórios não temos onde, não temos o terreno.”

Michelone afirmou que apesar da crise financeira da instituição em 2015 e 2016 a Famema honrou salários, enfrentou auditorias que não levaram a qualquer acusação formal e foi passada a limpo. “A Famema já mudou e vai crescer muito.”

BOICOTE

Além da disputa entre as duas chapas, o processo eleitoral na Famema gera debate sobre proposta de boicote e participação de funcionários e estudantes. Isso porque os votos destes representantes valem apenas 30% na contagem.

Os defensores do boicote fazem campanha por ausência ou votos nulos. O Sindicato dos trabalhadores contesta a campanha.

“O Sindicato orienta que o trabalhador participe, vote, discuta. Vote com protesto, vote e faça manifestação para que tenha mais espaço. E vote em candidatos, se entender que é o caso vote pela mudança na diretoria, mas vote”, disse o delegado regional do Sindicato, Aristeu Carriel.