Marília

Ensino Superior Privado: amplitude da oferta, necessidades e poder de negociação dos alunos

No cenário competitivo do ensino superior privado predomina-se o poder de negociação dos clientes (alunos), frente à amplitude da oferta de cursos de graduação e programas de pós-graduação lato sensu (especialização), sejam nas modalidades presencial, semipresencial e a distância, porém, também é expressiva a desconfiança em relação às IES (Instituições de Ensino Superior), e de seus cursos, que operam com mensalidades muito baixas.

Verifica-se que o preço, mesmo sendo uma variável relevante no processo decisório para escolha daIES ou de um curso, sobretudo em tempo de crise econômica e desarranjo político, com queda do poder aquisitivo, desemprego e instabilidade financeira é necessário conjugar outros aspectos relacionados á oferta, imagem, localização(proximidade do trabalho e da residência) e atratividade dos cursos oferecidos.

Uma pesquisa do Instituto Data Popular revela que a graduação é classificada como um ‘sonho de consumo’ por 32% dos potenciais alunos do ensino superior, porém a crise econômica atual e as restrições no FIES estão frustrando essas expectativas dos egressos do ensino médio em ingressarem no ensino superior. O estudo indica que 47% dos egressos de ensino médio planejam ingressar em um curso superior.

Neste contexto, dentre os interessados  em ingressarem no ensino superior, o mais jovens, com idade entre 18-24 anos, detém expectativas de contar com bolsas ou algum tipo de financiamento estudantil.50% almejam o FIES e 66% não têm outro planejamento financeiro para estudo. Muitos irão primeiro procurar empregos para depois pensarem no ensino superior.

No que se refere aos atributos de qualidade das IES e seus cursos, destacam-se a qualificação e a experiência dos professores, a infraestrutura física e tecnológica, o Conceito Institucional (CI) e a nota dos cursos no ENADE. Estes indicadores estão diretamente relacionados à imagem, marca e reputação institucional e devem ser minuciosamente trabalhados para serem considerados como indicadores positivos na captação e retenção dos alunos.

Por outro lado, o perfil dos potenciais alunos de uma IES integra aspectos socioeconômicos, estimativa de potencial de consumo, estimativa de gastos em educação e a configuração das classes sociais em um processo de oscilação.As IES devem ter clareza do poder de barganha dos alunos e buscar maior comprometimento com o processo de formação. Os resultados decorrentes dessa formação dependem da relação entre a IES, o aluno, o mercado de trabalho e a sociedade como um todo.

A formação superior é um comprometimento de longo prazo. São anos de convivência diária que requer um esforço conjugado, visto que os alunos são consumidores que participam diretamente do resultado da formação e as IES são fornecedoras de serviços educacionais. Os custos dessa operação são altos para quem compra e para quem fornece os serviços. Tem-se ainda oferta abundante de cursos e vagasque gera queda da capacidade competitiva das IES. Logo, manter cursos com pouca ou nenhuma diferenciação, resultará em vulnerabilidade institucional.

Em síntese, é preciso repensar o processo de comunicação e relacionamento com os alunos, a singularidade dos cursos, o desenvolvimento profissional, a inovação, a imagem da IES e da profissão no mercado de trabalho atual.

A nova geração demonstra uma tendência em se fazer o que se gosta e alcançar a realização profissional. As expectativas, desejos e sonhos são diferentes do que se observou nas gerações anteriores. Portanto, a promoção da iniciativa e do conhecimento técnico da área de atuação são fatores essenciais a serem considerados.

O mercado de trabalhoatual requer o desenvolvimento de novas competências, novas habilidades e novas atitudes. É preciso estratégias competitivas, com foco nesse novo cenário, com formação que atestem conhecimentos teórico-práticos pessoais, sociais e profissionais relevantes.