Mapas produzidos pelo governo do Estado de São Paulo mostram uma triste realidade para a região de Marília, que já foi conhecida como o Ramal da Fome: presídios e pedágios chegam aos montes antes de chegar o desenvolvimento.
O projeto do governador João Dória para instalar até sete praças de pedágio no trecho de rodovia entre Bauru e Panorama – além de novas praças Paraguaçu, Rancharia e Martinópolis – apenas mais uma lição que segue cartilha de mandar a conta antes de mandar os benefícios.
O mapa oficial da SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) mostra que a região entre Bauru e a divisa com o Mato Grosso concentra quase metade dos presídios paulistas, a maior parte deles instalados a partir dos anos 90.
Apesar disso, os investimentos em estrutura de segurança passaram longe de acompanhar. Pelo contrário. Marília e cidades vizinhas perderam estruturas tanto da Polícia Civil quanto da Militar. Estruturas administrativas e serviços como centros de atendimento a ocorrências foram algumas das perdas.
O Mapa Rodoviário da Artesp, a agência de transportes responsável pelas concessões de rodovias, mostra que a região já era muito bem provida de pedágios na Marechal Rondon e na Raposo Tavares, além dos pedágios da BR-153.
A privatização da SP-333, que inclui o Contorno de Marília, trouxe novos pedágios para esta conta. Apenas o eixo rodoviário entre Marília e Panorama, com ramais em cidades próximas, estava sem pedágios. A concessão do chamado lote Piracicaba-Panorama vai acabar com isso.
Mas e o desenvolvimento da região?
Mais uma vez é hora de olhar os mapas oficiais, agora do Programa Investe SP, que faz roteiro de investimentos em Infraestrutura, Educação e Pesquisa e Inovação.
Apenas quatro incubadoras de empresa listadas entre as regiões de Bauru, Marília, Araçatuba e Prudente. Na mesma área, apenas um porto seco de liberação de exportações. Só a região de Campinas mostra quatro.
Seis unidades do Senac na região centro-oeste. São dez só na região de Campinas.
Unidades do Senai, do IFSP (Instituto Federal em São Paulo), Senat, Fatec e universidades federais são outros investimentos que não aparecem nos mapas oficiais do Oeste Paulista.
Os mapas mostram também que a região é uma das mais pobres em rodovias duplicadas, uma situação usada como justificativa para as concessões. Mas como os leitores já sabem, mais uma vez a conta chega antes. Os pedágios começam a ser cobrados em um ano. As obras começam em até nove anos de contrato.
Os mapas não consideram ainda a diferença abismal entre investimentos realizados na cidade e municípios vizinhos, subfinanciamento da Famema, a crise das unidades da Unesp, a falta de campus e projetos da USP, o abandono do projeto de ampliação do aeroporto de Marília, entre outros.
O Ramal da Fome ainda espera respeito para ser o eixo de desenvolvimento que precisa e merece. Confira abaixo os mapas do Inesvte SP sobre desenvolvimento no Estado.