Uma criança de oito anos, que depende de uma bomba de insulina para controle de diabetes em Marília, vai ter que buscar na Justiça apoio do poder público para conseguir o equipamento, avaliado em até R$ 15 mil além de custos permanentes de manutenção.
A informação foi divulgada pela família em um relato indignado do pai, o publicitário André Mandrozzato, que fez o pedido no dia 9 de abril, durante atendimento em hospital de especialidades em São Paulo, e nesta quinta-feira recebeu a resposta por telegrama: o pedido foi negado.
“Desde os cinco anos ela tem diagnóstico de diabetes. E tem sido uma luta, a gente está a todo momento monitorando a situação dela. E estávamos esperançosos, entramos com processo administrativo, fomos chamados e fizemos uma entrevista. Era meio caminho andado”, disse André.
A bomba é um equipamento leve, externo, ligado ao corpo sem necessidade de intervenção cirúrgica para emitir doses de insulina de acordo com programação médica. Permite controle do diabetes sem regulação de horários fixos para todas as refeições e sem controle permanente dos índices de glicemia. Mas o custo provoca corrida de pacientes aos serviços de saúde. E a seleção deixa muitos sem atendimento.
“Chega desse negócio de o certo estar errado e o errado está certo”, disse André, que completou: “a luta continua, só que agora via judicial”.
A busca da Justiça virou opção comum, repetitiva e preocupante. Diminuir a judicialização da saúde tem sido um objetivo dos diferentes níveis de operação do SUS (Sistema Único de Saúde) mas a solução esbarra no imenso volume de pacientes não atendidos.
Um levantamento de 2017 apontou existência de 47 mil ações judiciais em que o governo era cobrado a fornecer medicamentos e procedimentos médicos a pacientes de todo o Estado. E o número não para de crescer.