Uma assembleia de estudantes da Famema (Faculdade de Medicina de Marília) aprovou um pacote de ações contra o que a mobilização chama de desmonte na instituição em medidas que incluem previsão de paralisação e ocupação de espaços da faculdade.
A paralisação será programada para atingir alunos em todos os anos do curso. “A última paralisação realizada pelos alunos, no começo de 2020, nos rendeu muitas conquistas, o que demonstra que essa estratégia pode ser muito efetiva.”
A ocupação atingiria a sede da faculdade durante “a maior parte do dia” até que as demandas sejam aceitas.
“É a forma mais radical e mais rápida (por experiências prévias no país) de barrar a retirada de direitos. Com a ocupação e a paralisação, poderíamos exigir não só as cadeiras básicas, mas o campus, a bolsa auxílio, o transporte e muitos outros diretos que nos são negados.”
As ações aprovadas incluem ainda a montagem de dossiê sobre o que o Daca chama de sucateamento da instituição, panfletagem e potencialização de mensagens em redes sociais e manifestação com cartazes e intervenções visuais.
Todas as iniciativas serão debatidas em, novo encontro, marcado para o dia 19, às 19h. A assembleia foi realizada no dia 12 e as decisões publicadas no início da noite da terça-feira. O Giro Marília encaminhou pedido de informações à direção da Famema e aguarda manifestação.
Os estudantes apontam a divisão do Complexo Famema entre duas autarquias – HC Famema e a Faculdade – como causa para uma crise e desmonte da faculdade. A medida separou orçamentos de saúde e educação e perda de recursos que passaram a ser exclusivos da saúde não foram compensados, segundo os alunos.
“Esse cenário, somado a outros fatores como a falência da FUMES, gerou inúmeras consequências, como a falta de professores, o conflito entre o uso do espaço do HC pela FAMEMA e a ausência de pagamento das bolsas auxílio/monitoria”, diz o diretório.
Bolsa auxilio – de R$ 500- beneficiaria 60 estudantes. A Bolsa Monitoria repassava R$ 400 a estudantes mais avançados nos cursos que ficavam nos laboratórios para orientar alunos, tirar dúvidas, praticar exame físico e neurológico etc.
“Essas bolsas foram cortadas em 2019 pois as verbas que eram destinadas ao HC (saúde) estavam sendo utilizadas para pagar bolsas dos estudantes (educação), um trâmite ilegal. Para que esse repasse ocorra legalmente, um projeto de Lei foi proposto e o governador tem até o fim de 2022 para assinar”, diz o documento com balanço das atividades.
A manifestação condena ainda demissões e falta de reposição para funcionários contratados pela Fumes e aposentados ou demissionários.
“Em 2012, tínhamos 268 professores e agora temos 165, sendo que 60% deles são aposentados. Um concurso para a contratação de professores foi proposto em 2008 e só foi aprovado esse ano. No entanto, os salários propostos para esses profissionais são de 2008, sendo, portanto, extremamente defasados, o que desestimulará a vinda de profissionais capacitados.”