Marília

Estudo inovador sobre perturbações cerebrais em crianças tem pesquisador de Marília

Estudo inovador sobre perturbações cerebrais em crianças tem pesquisador de Marília

O neurocientista Danilo Benette Marques, um pesquisador natural de Marília que atua na Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, participa em pesquisa sobre efeitos de perturbações cerebrais em crianças que ganhou publicação internacional e repercute no país.

A pesquisa, desenvolvida com apoio da Fapesp, investigou a neurobiologia dos efeitos comportamentais decorrentes de crises convulsivas na infância, utilizando roedores como modelo animal.

Mostrou inflamações provocadas por perturbações cerebrais – como lesões, infecções, estresse ou desnutrição – que se tornam fatores de riscos para distúrbios como transtornos de atenção, autismo ou casos de esquizofrenia e epilepsia.

Danilo Benette foi colaborador no estudo, liderado pelo pesquisador Rafael Naime Ruggier, sob supervisão do professor João Pereira Leite e publicado no periódico eLife.

“Os efeitos das crises na infância não estão associados à morte de neurônios, mas sim a disfunções moleculares, celulares e de redes neurais. Descobrimos que ocorre um aumento persistente de inflamação no cérebro, associada a alterações comportamentais relevantes para autismo e esquizofrenia”, diz Ruggiero.

 “Outra descoberta bastante importante é que pelo registro da atividade cerebral, foi observada uma semelhança acima da esperada entre o estado acordado e o sono REM [sigla decorrente da expressão em língua inglesa rapid eye movement, ou movimento rápido dos olhos].”

“Como o sono REM é o estágio em que ocorrem os sonhos mais vívidos, essa semelhança poderia explicar processamentos sensoriais atípicos, que ocorrem especialmente na esquizofrenia”, afirma Danilo.

O processo de neuroinflamação é natural e fundamental para o cérebro no combate a infecções e na recuperação de lesões.

“Embora não ocorra lesão de fato de neurônios, as convulsões na infância resultam em um aumento do processo neuroinflamatório. Observamos esse aumento em todas as regiões cerebrais examinadas”, relata Matheus teixeira Rossignoli, outro dos autores do estudo.