O ex-deputado federal Osvaldo Doreto Campanari está em casa. Após quase 40 dias de internação na Santa Casa de Marília com quadra grave de deficiência respiratória, Doreto recebeu alta nesta sexta-feira e segue em tratamento domiciliar. E a família espera investigação de H1N1.
Aos 86 anos, Doreto passou boa parte da internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), respirando com auxílio de equipamentos e momentos de muita preocupação para os familiares.
Doreto está lúcido, conversa, ainda com alguma dificuldade, e tem mobilidade reduzida pelo longo período de internação, mas já alterna momentos fora da cama, faz diálogos breves e deve atingir boa recuperação.
Durante o período de internação, o ex-deputado perdeu a filha, a advogada Simone Doreto Campanari, que havia sido internada antes dele também com quadro de síndrome respiratória grave.
O ex-deputado estava na UTI e só ontem foi informado sobre a perda da filha, o que provocou um momento de comoção e triste que ampliou atenção a seu quadro de saúde. Simone faleceu no dia 7 de abril aos 49 anos em caso considerado suspeito de Gripe tipo A. Não há resultados de exames para nenhum dos casos.
A demora na resposta e a dificuldade em conseguir vacinas para pessoas próximas preocupam e deixam indignados familiares do ex-deputado, uma das principais lideranças políticas já reveladas na cidade.
ATIVISTA
Médico oftalmologista aposentado, Doreto é mariliense, formado no Paraná, e foi a principal liderança na formação do PMDB e resistência à ditadura na cidade e região. Ex-dirigente estudantil, participou na organização do partido e conta com orgulho que assinou a ficha número 01 na cidade.
Foi vereador em Marília entre 1969 e 1973. Em 1974 foi eleito deputado estadual, cargo para o qual foi reeleito em 1978. Em 1982 conseguiu vaga como suplente para a Câmara dos Deputados e assumiu com o afastamento de Mário Covas, que foi secretário estadual na gestão Franco Montoro (1983-1986) e depois prefeito de São Paulo.
Candidato à reeleição, mais uma vez conseguiu a cadeira para início do mandato em 1987, desta vez para ser um dos responsáveis pela elaboração da Constituição promulgada em 1988. Como constituinte, defendeu e votou a favor de diferentes polêmicas de perfil popular e de direitos humanos.
Deixou o PMDB pouco depois da eleição em divergências com o ex-governador Orestes Quércia e também em grave crise de relacionamento no partido em Marília, onde perdeu espaço e disposição após conturbados mandatos dos ex-prefeitos Abelardo Camarinha (1983-1988) e Domingos Alcalde (1989-1992).
Foi ao PSDB e depois PT, partido pelo qual disputou eleições como candidato a vice-prefeito e vereador na cidade.
Mesmo sem mandato, a casa de Doreto no bairro Salgado Filho, que sempre abrigou encontros políticos e de organização popular, seguiu como centro de reuniões e debates.
Este modelo influenciou a formação dos cinco filhos – José Ivan, os gêmeos João e Vadinho Doreto, Simone e Josanne – que sempre tiveram atuação política e em movimentos sociais.
O espaço segue lá. E Doreto, com a força cívica de sempre e a física em recuperação, também. E que ele possa estar por bastante tempo.