Marília

Falta seriedade e transparência na briga deles. Quem perde é você

Falta seriedade e transparência na briga deles. Quem perde é você

A briga virtual de Abelardo Camarinha e Daniel Alonso produz muito pouco de informação, dá boa margem no caminho contrário, o da desorientação, e mostra o pior do que o jogo político é capaz de produzir em tempos de crise na saúde e economia.

Camarinha repete uma postura histórica de ataques, que misturam meias verdades, acusações pessoais de baixo nível e um discurso para sua plateia, que não parecer ter acompanhado a evolução do eleitorado nos últimos anos.

Daniel entra no jogo, decide rebater os ataques pessoais com outras ofensas – o que não acrescenta nada – e perde a chance de mais transparência e menos personalismo na administração municipal.

Para resumir, o básico é que na briga deles quem perde é a cidade, independentemente de quem acabe com mais votos nas próximas eleições, seja lá quando elas vão ocorrer.

Camarinha usa meias verdades – que são meias mentiras – para lançar temas sérios que mereciam debate mais adequado.

Mente sobre as empresas abertas, cobra do prefeito uma postura independente em relação ao governo do Estado que não cobra de seu filho, o deputado estadual Vinícius Camarinha, e entre outras coisas critica nomeações que defendeu em sua gestão e ignorou na do filho, que também enfrentou crises de saúde sem médicos à frente da pasta

Daniel prometer retrucar os ataques também esvazia interesses maiores.

Quais os critérios para formação do tal do comitê? Por que sindicatos, bairros, conselhos estão fora do grupo? Por que as discussões não têm mais transparência?

A página oficial do coronavírus não traz dados claros sobre quanto dinheiro, alimentos, doações e gastos são feitos, não dá os detalhes dos decretos, de todas as compras feitas, das fiscalizações.

No dia em que reabriu as feiras, a prefeitura colocou fiscais para atuar na madrugada e sair quando atendimento começou. Avisado de que uma loja descumpria as regras, um fiscal disse que a empresa já tinha advertência e foi embora. Uma multa de R$ 10 mil, prevista na legislação sem uso, seria um peso extra exagerado a uma pequena empresa.

Mas não houve nem a preocupação em ir até a empresa e dizer isso: evite uma multa pesada, feche e entre na campanha de prevenção.

Da mesma forma, a sequência de imposição de regras às empresas abertas não teve qualquer serviço oficial de orientação nos locais, sobrou para as empresas barrar, discutir e tentar orientar seus clientes, um peso a mais em meio à crise.

Mas falta de transparência é uma marca da gestão municipal, seja com Daniel, seja com Camarinha. O momento exige mais propostas, mais união, mais transparência, mais números para embasar avaliações e medidas oficias.

Sem entregar nada disso, as principais lideranças entregam briga política que tem momentos engraçados, tristes e absolutamente desnecessários. A campanha eleitoral engole a verdade, a paciência e a real necessidade da população.