Marília

Família denuncia morte de paciente após queda de maca no HC e vai à polícia

Família denuncia morte de paciente após queda de maca no HC e vai à polícia

A família de Maria das Neves, 89 anos, falecida no sábado no Hospital das Clínicas em Marília, onde ficou internada por quatro dias, descobriu 14 horas depois do falecimento que ela sofreu uma queda de uma maca, que teria provocado inclusive lesões na cabeça.

O caso foi revelado em redes sociais por um bisneto da vítima, que foi sepultada no domingo, com um longo relato sobre todo o atendimento. Ele revela que a família registrou boletim de ocorrência sobre o caso.

Alexandre Ribeiro, responsável pela postagem na página Marília Urgente, no Facebook, disse que a família não busca indenização e nem ‘aparecer’. Ele postou o relato com o título “LUTO! Minha bisavó morreu após cair da maca no Hospital das Clínicas de Marília”.

Segundo o depoimento, na madrugada de quarta-feira a família chamou o Samu para atendimento à mulher, que apresentava falta de ar. Maria das Neves era cadeirante há 11 anos devido a um AVC. Na noite daquele dia foi levada para o setor de emergência. Por volta de 0h30 do sábado a família recebeu a notícia do falecimento.

“Por volta das 13h do sábado, liguei no HC e pedi informações sobre a liberação do corpo, pois já havia passado várias horas e começado aquele velho e irritante jogo de empurra empurra.  Me passaram a ligação para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) o qual pela minha surpresa me questionou se eu estava sabendo que a vítima havia caído da maca, sofrendo uma lesão na cabeça e sangramento no ouvido e que não tinha previsão de liberação do corpo.”

Alexandre diz que um tio telefonou ao hospital para confirmar a história e recebeu a mesma informação.

“Subimos até o setor social da unidade, questionando sobre a queda que ela teve e por que não fomos avisados no dia nem mesmo depois do óbito. Conversamos por cerca de 15 minutos com a doutora que ficou o maior tempo com ela e que nos afirmou que realmente teve a queda da maca, mas que não sabia que não tínhamos sidos avisados.”

Veja abaixo a íntegra do relato divulgado por Alexandre.

LUTO! Minha bisavó morreu após cair da maca no Hospital das Clínicas de Marília.

Pela primeira vez uso o portal para postar algo pessoal: no início da madrugada do 10/4 (quarta-feira) acionamos o SAMU até a residência da minha avó, na zona Sul de Marília, pois a minha bisavó estava ofegante e aparentemente com falta de ar. A mesma era cadeirante há 11 anos devido a um acidente vascular cerebral (AVC). 

Ela era como uma criança, pois não se locomovia e dependia 24 horas de atenção e cuidados; incluindo alimentação, banho e etc.

Em menos de 10 minutos a viatura do SAMU já estava no endereço solicitado prestando todo o apoio e encaminhando minha bisa até o HC.

Lá, ela foi atendida e em seguida levada a “sala amarela” da unidade.

Na quarta à noite, ela teve uma piora e precisou ser levada para o setor de emergência.

Ontem (sábado) por volta das 00h30, fomos informados pelo setor social do HC que ela não havia resistido e veio a óbito.

Fomos atrás dos trâmites para o velório e sepultamento e após isso ficamos aguardando a liberação do corpo.

Por volta das 13h do sábado, liguei no HC e pedi informações sobre a liberação do corpo, pois já havia passado várias horas e começado aquele velho e irritante jogo de empurra empurra. 

Me passaram a ligação para o Serviço de Verificação de Óbito (SVO) o qual pela minha surpresa me questionou se eu estava sabendo que a vítima havia caído da maca, sofrendo uma lesão na cabeça e sangramento no ouvido e que não tinha previsão de liberação do corpo.

Fiquei surpreso, pois ninguém nos havia informado que ela havia caído da maca. Nenhum médico, enfermeiro ou até mesmo o setor social nos avisou.

Na hora pensei que pudesse estar ocorrendo algum erro.

Pedi para meu tio ligar lá também e fazer o mesmo questionamento sobre a liberação do corpo. Ele teve a mesma resposta que eu tive: ela caiu da maca.

Fomos pessoalmente conversar com os funcionários do SVO, queríamos tirar essa história a limpo, o qual novamente nos explicou o que aconteceu, nos orientando sobre as providências que tínhamos que tomar.

Subimos até o setor social da unidade, questionando sobre a queda que ela teve e por que não fomos avisados no dia nem mesmo depois do óbito.

Conversamos por cerca de 15 minutos com a doutora que ficou o maior tempo com ela e que nos afirmou que realmente teve a queda da maca, mas que não sabia que não tínhamos sidos avisados.

Disse ainda que não sabe informar como isso aconteceu e que houve erro de comunicação da equipe médica naquele plantão por não ter avisado a família.

Sabemos que acidentes acontecem e o mínimo que o Hospital das Clínicas de Marília teria que ter feito era nos avisar de imediato sobre o acidente. 

Conclusão: após horas de angústia, dúvidas e sofrimento, conseguimos fazer o seu velório. Chegamos a ir na delegacia atrás de notícias da liberação do corpo.

O HC foi omisso, negligente e o que passamos foi humilhante. Um descaso total. Não só com a minha família, mas com uma filha desesperada que também estava atrás da liberação do corpo de seu pai (morador da cidade de Garça).

Acabamos de chegar do sepultamento e o sentimento é de revolta, tristeza e várias perguntas ainda sem respostas. Algumas dessas perguntas: e se o Serviço de Verificação de Óbito não nos informa sobre a queda da maca? Iríamos sepultar ela sem saber desse ocorrido e como morte natural?

A queda foi o principal motivo da morte ou se agravou por conta disso?

Nesses 11 anos na cadeira de rodas ela nunca tinha sofrido queda. Minha vó, vô, e tio (que passavam o maior tempo com ela) nunca deixou isso acontecer. Foram 11 anos! Não foram 11 dias, nem 11 meses.

Hospital das Clínicas, não queremos indenização nem nos aparecer, só queremos que vocês sejam leais com todos os seus pacientes.

Espero que esse texto sirva de alerta para as autoridades, médicos, enfermeiros e para todos que um dia precisar da unidade.

Sabemos que o hospital tem excelentíssimos profissionais, alguns até são meus amigos, mas dessa vez vocês erraram feio.

Não vou postar a foto da minha bisa por respeito à minha família que já sofreu bastante. Basta de sofrimento, mas queremos explicações e a verdade.

Esse simples motivo do óbito por “morte natural- causa não determinada,” não colou. Nem a demora de 24 horas na liberação do corpo.

Aos seguidores, fiscalizem bem a morte de seus entes queridos no hospital mencionado.

Um boletim de ocorrência foi registrado e a causa da morte será investigada.

Minha bisa se chama Maria das Neves, tinha 89 anos.

Por Alexandre Ribeiro (responsável pelo portal Marília Urgente)

Marília, 14 de abril de 2019