O Fantástico deste domingo (3) incluiu Marília em uma longa reportagem sobe problemas no atendimento a pacientes com câncer que dependem de tratamento com radioterapia.
A reportagem foi inspirada em ação judicial no Rio de Janeiro para responsabilizar hospital que usou pastilhas vencidas de cobalto, material que permite bombardear células cancerígenas com radiação.
O uso das cápsulas vencidas torna o tratamento menos eficaz, situação que é compensada com exposição dos pacientes por mais tempo que o indicado e em aplicações muito próximas do corpo, o que provoca queimaduras e lesões na pela. “Torna o tratamento mais sofrido e perigoso para os pacientes”, explicou o Fantástico.
A reportagem cita três casos nacionais em que a situação provocou medidas do Ministério Público Federal. Marília é um deles. O Hospital das Clínicas da Famema foi alvo de investigação em 2009 e 2010.
O Fantástico mostrou uma vendedora que fez o tratamento na cidade e apresenta até hoje as marcas de queimadura.
Cada sessão de radioterapia deve durar em torno de cinco minutos. Pacientes chegam a ficar 40 minutos em máquinas com cápsulas vencidas. O aparelho deve ficar a 80cm da pele. No caso de Marília, a paciente ficava quase encostada.
“Me lembro perfeitamente que a pessoal que colocava equipamento usava até uma folha pra ver se não estava colando. A distância era uma folha”, disse a paciente ao Fantástico.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia, Eduardo Weiltman, quando o equipamento fica muito próximo a dose na pela aumenta e as reações na pele também.
A sessão deveria provocar manchas vermelhas, que somem em algumas semanas. A paciente de Marília tem marcas até hoje.
O procurador Jefferson Aparecido Dias determinou na época a troca das pastilhas. A medida demorou quase um ano. O equipamento em Marília trabalhava com 40% da capacidade de radiação exigida pela Anvisa, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
“Recebemos alguns pacientes questionando a eficácia desse aparelho”, contou o procurador.
Em resposta à rede Globo, a Famema informou que a demora na troca das cápsulas foi provocada pela burocracia para importação e que não é possível afirmar que as queimaduras foram provocadas pelas pastilhas vencidas.