Marília

Filme sobre Pé de Veludo resgata história com ficção e grande produção em Marília

Felipe Lui e Erom Cordeiro durante as gravações de O Assassinato de Pé de Veludo – reprodução
Felipe Lui e Erom Cordeiro durante as gravações de O Assassinato de Pé de Veludo – reprodução

Terminou na quinta-feira um intensivo trabalho de filmagens e produção que por quatro dias levou para diferentes pontos da cidade uma equipe muito talentosa de atores, cineastas, arte, foto e produção para recontar, 60 anos depois, a morte de Guaracy Marques Pinto, o Pé de Veludo. Deve ser lançado em 8 de dezmebro.

Uma das mais controversas figuras da curta história da cidade, Guaracy foi um ladrão que distribuía doces a crianças e ajudava famílias pobres e um jovem de personalidade forte, que influenciava irmãos mais velhos.

Acabou morto em caso de extrema violência na reação policial a outra morte, a do delegado Ewerton Fleury Curado, ferido quando comandava uma busca na casa da família, onde estavam irmãos e o pai de Pé de Veludo. O delegado dá nome ao prédio da Seccional de Polícia na cidade. O túmulo de Guaracy é centro de visitação e ele é tido como milagreiro.

pe-de-veludo-producao_1726926030.jpgA produção levou a equipe a pontos como a Serra de Avencas, rodovia do contorno e até um bar da zona norte. Criou cenários com cartazes, marcas, publicidade e roupas da época.

Usou garrafas cenográficas com marcas de bebida da época, móveis, decoração e até uma picape Chevrolet ano 1961 em cenas externas – carro cedido pelo advogado Fabricio Dalla Torre Garcia, que foi acompanhar a gravação -.

Apresenta o caso de forma ficcional, sem perder o viés histórico, mas compostura definida em relação à forma como Pé de Veludo morreu e que aparece já no título: “O Assassinato de Pé de Veludo”

pe-de-veludo-04_1726925800.jpgCurta reproduz invasões durante a noite, em silêncio, que deram a Guaracy o apelido de Pé de Veludo – foto: João Carvalho

“Já é uma espécie de tomada de decisão sobre como contar a história. Não negando o fato de ele ser criminoso, mas a forma como morreu, em confronto com tantos policiais, o volume de tiros, jogar o gás, o que não era padrão”, diz o diretor Rodrigo Grota.

Mas o filme não é uma denúncia ou versão que santifique Guaracy. “É uma tentativa de mostrar todos os lados do personagem.” Estão lá informações de documentos, relatos da mídia, polícia e também cenas criadas a partir do imaginário em torno de Pé de Veludo.

pe-de-veludo-03_1726926268.jpgFelipe Lui vive seu primeiro protagonista na pele de Pé de Veludo – Foto: João Carvalho

O ator Felipe Lui, um carioca radicado no Paraná, que decidiu virar ator quando cursava Educação Física na UEL (Universidade Estadual de Londrina), dá vida a Guaracy no filme.

Ele já havia atuado em teatro e outras produções com Grota até chegar ao seu primeiro protagonista. Estudou a história de Guaracy e ficou surpreso. “Acho que é uma história que o país todo vai ter interesse em conhecer.”

Não define se Pé de Veludo foi herói ou vilão. “Roubar não era correto, mas ele também tinha um lado até político na forma como ajuda famílias, vejo ele como personagem polêmico.”

erom-picape_1726933028.jpgAtor Erom Cordeiro vive o delegado na reprodução de história polêmica em Marília – foto: João Carvalho

Erom Cordeiro, 47 anos, um ator premiado e com muita experiência em TV, novelas, teatro, cinema e agora em séries, representa o delegado na produção. Já havia atuado com Grota em meio a tantas produções.

“Quando me apresentaram o roteiro chamou para ser o delegado, eu aceitei prontamente, uma histórica muito rica, de muitas nuances”, disse o ator.

Chegou à cidade em meio a muitas atividades com teatro estava em cartaz em Belo Horizonte e vai para o Rio de janeiro e depois São Paulo – além das novas temporadas de séries como Arcanjo Renegado e A Divisão.

Por trás das câmeras, um grande time com os cineastas Rodrigo Grota e Guilherme Peraro, da companhia Kinopus; o produtor executivo Brunno Alexandre; da produtora Nosso Quintal; a diretora de arte Cibele Barbosa; a arte educadora Carol Montoro, o diretor de fotografia Anderson Craveiro e outros.

felipe-rodrigo-erom_1726926154.jpgFeipe Lui, Rodrigo Grota e erom Cordeiro durante produção em Marília

“Tem uma proposta narrativa de tentar mostrar esse imaginário do Pé de Veludo, não definir se ele foi um herói ou só um bandido, mas mesclando a interpretação de imprensa, polícia, do imaginário popular”, explica o diretor Grota.

Ele diz estar muito curioso para a reação ao filme. “Marília vai ter reação muito específica, muitas vão se posicionar a favor da figura mítica, da lenda, e outras no sentido de que o filme deveria se restringir ao narrado no processo e contrapor os dados.”

pe-de-veludo-producao-01_1726926030.jpgCibele Barbosa, a diretora de arte, explica que a produção em ficção deu mais liberdade à produção. “É a primeira vez que a gente produz totalmente ficcional e ai a produção de arte tem um papel fundamental.”

Começa com trabalho de pesquisa, apoio de parceiros, como o Museu Histórico e Pedagógico Embaixador Hélio Antônio Scarabôtollo, Aurélio Fiorini dono de antiquário e a KL Móveis, de Garça

E quem não conhece a história? Grota garante que sim. “Vai conseguir curtir também, a gente apresenta dados, mas ser um ponto de vista multifacetado, mas tem informações para quem nunca ouviu. Por isso a gente está muito feliz com esse projeto.”