Marília

Fuga da escola é maior problema para Conselho Tutelar

Fuga da escola é maior problema para Conselho Tutelar

Esqueça os crimes. A maior demanda do atendimento do Conselho Tutelar dos Direitos da Criança e do Adolescente de Marília é a evasão escolar, seguida pela negligência de pais ou responsáveis. Os dados foram divulgados pelo órgão ontem durante ação especial de divulgação do trabalho ao lado do Terminal Rodoviário.

Em números, o Conselho atende na média 2.000 ocorrências por mês, ou seja, em torno de 66 casos por dia com todas as denúncias, queixas ou problemas. Isso vai muito além dos crimes com menores envolvidos, embora esta seja a face mais conhecida do órgão. O conselho é chamado toda vez que uma criança ou adolescente é envolvido em um crime ou caso de violência.

Atendimento é imprescindível, diz procurador

Envolvimento em crimes está na verdade lá embaixo na tabela. Além da fuga da escola e negligência, crianças e adolescentes sofrem mais com abandono material ou intelectual e abuso sexual antes de chegar aos crimes. E o Conselho espera enxurrada de queixas nos próximos dias. É o que acontece toda vez que o órgão vai às ruas falar com os moradores.

O trabalho de ontem contou com um reforço de alto padrão: o procurador da República Jefferson Aparecido Dias foi às ruas entregar panfletos e conversar com o público.  

“O atendimento começa com o feto. Quando uma mãe deixa de fazer o acompanhamento pré-natal o Conselho é avisado e vai saber o que houve. Quando a criança deixa de ir à escola o conselho vai investigar”, disse Pablo Reis, um dos conselheiros.

Segundo ele, a educação é um direito que o Estado e a família devem garantir. Por outro lado, a criança ou adolescente não pode abrir mão deste direito.” E quando insiste nisso o conselho age e, em casos mais graves, encaminha ao Ministério Público.”

Esse atendimento envolve inclusive a zona rural  e os distritos, onde é comum famílias afastarem os filhos de escola para que possam trabalhar ou produzir. As escolas devem controlar esse acesso e o Conselho intervém sempre que necessário.

A cidade tem hoje dois conselhos, que ocupam, o mesmo prédio e não têm orçamento próprio, vivem do financiamento da Prefeitura, que cede funcionários, dois carros e material de uso. Os conselheiros são eleitos, como Pablo ou a assistente social Daisy Cardoso, 29, que lembrou ainda os casos de negligência dos país. “O Conselho vai às casas, vai às famílias, investiga, intervém”, explicou.

A psicóloga Ana Elisa Cavichioli Carmona, 30, outra conselheira na ação, disse que a população reage bem aos contatos. “Todos param, escutam, sabem que existe mas não conhecem muito do que é o conselho”, explicou. A conselheira Rosimeire Cardoso, 36, mais conhecida como Bel, após o encontro anterior com a população o atendimento cresceu muito após o contato.