Marília

Funcionários e credores incriminam Camarinha e assessor no Diário e rádios

Ação cobra Camarinha e Garrossino por dívida trabalhista de jornal e rádios – Reprodução
Ação cobra Camarinha e Garrossino por dívida trabalhista de jornal e rádios – Reprodução

Ações para cobrança de dívidas trabalhistas e até compra de equipamentos podem formar em Marília um novo dossiê de informações que incriminam o deputado estadual Abelardo Camarinha como dono do jornal Diário e das rádios Diário FM e Dirceu AM, fechados por ordem judicial. Os documentos “delatam” também o principal assessor do deputado, Carlos Umberto Garrossino, que figura como fiador em uma dívida assumida em nome da rádio.

As ações mostram que Camarinha e Garrossino ditavam ordens, inclusive em mensagens, e definiam o que seria publicado ou não. Eram, segundo os processos, sócio e dirigentes ocultos, que oficialmente não têm vínculo com a empresa mas seriam os donos de fato.

São as mesmas acusações que provocaram a Operação Miragem, da Polícia Federal, e provocaram as ordens judiciais para fechar o jornal e rádios por diferentes acusações, incluindo fraude no registro de propriedade.

Informações no site do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) permitem identificar que o comando das empresas era feito de forma destemida, ou seja, de forma direta e identificada pelo deputado e seu assessor. Há indicação de postagens de whatsapp, emails e outras formas de mensagens.

As ações apresentam ainda reprodução de páginas do jornal Diário, provavelmente para indicar que as ordens de publicação foram cumpridas. O site não dá acesso às mensagens, o que impede sua reprodução.

Envolvem ainda documentos como reportagens de outros veículos, informações do Ministério Público e dados de outras investigações sobre a propriedade do jornal e rádios. Caso a Justiça aceite as informações, Camarinha e Garrossino terão que pagar dívidas trabalhistas de empresas com as quais juram não ter qualquer ligação.

Desde janeiro um novo documento mostra um vínculo forte com as empresas: uma ação judicial para cobrança de dívida tramita na 1ª Vara Cível de Marília e aponta Carlos Umberto Garrosino como fiador da Rádio Diário na compra de uma camionete. A ação já tem até despacho para que o fiador pague a dívida e as custas do processo.



Nota promissória de compra de camionete em nome da rádio: assessor do deputado é fiador e recebe a conta por dívida


O Giro Marília apurou que foram pagas 17 prestações de 92 devidas pela rádio. Carlos Garrossino é cobrado para pagar as restantes. Não há informações sobre quem usava a camionete, mas não era o veículo para transmissões da rádio.

As revelações engrossam lista de medidas judiciais que investigam a relação de Camarinha com o jornal e rádios. Com as varas do Trabalho e Cível, passam a ser quatro diferentes órgãos judiciais e ações: as novas, a principal – no Tribunal Regional da Justiça Federal, em São Paulo, onde correm as informações da Operação Miragem – e um processo npo Tribunal Superior Eleitoral para cassar mandato de Camarinha por abuso de poder com uso do jornal em campanha eleitoral.

Não há informações se a Polícia Federal ou o Ministério Público Federal aproveitam estas ações na Operação Miragem.  Mas já há indicações de que as novas ações trabalhistas possam aproveitar os documentos da Operação Miragem.

A acusação mais grave segue como a delação premiada de Sandra Norbiato, que é oficialmente a dona do jornal, mas confessa ser laranja do esquema para esconder os reais proprietários.

A delação pode ser anexada em novas medidas trabalhistas como prova de que Camarinha, Garrossino e mesmo o ex-prefeito Vinícius Camarinha, controlavam as empresas e devem responder por suas dívidas. Sandra nunca foi vista no jornal, nunca deu qualquer ordem de publicação ou participou em qualquer decisão comercial. E nunca foi vista com camionete comprada em nome da rádio.