O quarto dia de protestos em frente do Paço Municipal de Marília teve uma aula de cidadania, novos discursos de apoio com destaque para participação do Padre Edson, da Paróquia Sagrada Família, e uma oração de todos os servidores em greve.
Os manifestantes pedem reajuste salarial de 8,4%, melhoria nas condições de trabalho e criticam a falta de diálogo com a administração municipal. A greve começou no dia 14 e segundo o Sindicato dos Servidores vem ganhando adesões.
A aula de cidadania colocou sentadas dezenas de servidores para acompanhar apresentação de umas professora de ensino infantil. Carmen Lúcia Ribeiro, 48, professora na rede municipal há 22, montou uma fábula sobre formigas e gafanhotos para aula de cidadania, que contou até com crianças, filhos de grevistas.
A ideia arrancou muitos aplausos e cumprimentos para a professora. Carmen disse que teve a ideia na terça-feira, quando chegava ao protesto e viu todos os servidores sentados ouvindo oradores.
“É um movimento de servidores de diversos setores. E eu quero colocar a minha função a serviço desse movimento”, disse a professora. Carmen afirmou não ter medo de represálias. “Sei que estou dentro do que é legítimo e legal. Sou profissional, tenho informação. Quero acreditar que as autoridades saibam disso.”
O dia teve ainda uma segunda aula e dois pronunciamentos de apoio, do vereador Mário Coraíni Júnior (PTB) e do Padre Édson de Oliveira Lima, da Sagrada Família, que é mariliense. Coraíni pediu que os servidores não desistam e suportem a pressão.
Padre Edson afirmou que todas as igrejas e as comunidades conhecem os desmandos que acontecem na cidade, criticou o bloco governista na Câmara e pediu um protesto silencioso, com todos os servidores em silêncio e de costas para o Paço Municipal. Ao fim do protesto, pediu uma oração. De mãos dadas, os servidores rezaram o pai nosso em coro e encerram com uma salva de palmas.
“Eu reconheço a dignidade de vocês que chegaram a um limite e estou pedindo pelo amor de Deus não abandonem. Se for necessário ficar aqui um mês, dois meses, três meses, não vamos abandonar. Tem muitos irmãos, servidores, que têm mais medo de que vocês, eles não conseguem dar o passo. Um pouco também de egoísmo, mas mais medo. Mas a gente tem que respeitar”, disse o padre, que ainda disse esperar que “essa porcaria acabe logo”, com acordo entre grevistas e administração.
O Sindicato dos Servidores diz esperar reabertura de negociações. O presidente da entidade, Mauro Cirino, afirmou que a intransigência da prefeitura em discutir as reivindicações provoca extensão da greve e afirmou que as notas oficiais de que os serviços seguem sem prejuízos provam que a greve não é abusiva.
Mauro Cirino afirmou ainda que o protesto na porta da garagem provocou efeitos, como troca de pneus e reparos em caminhões que circulavam sem condições mínimas de segurança e que o serviço cresce. Segundo servidores, na terça-feira foram registradas mais de 1.500 assinaturas no ponto paralelo, o que indica presença de 30% dos servidores na praça. A greve continua