Marília

Grupo em rede social lança base de ONG para mulheres negras

Grupo em rede social lança base de ONG para mulheres negras

“Você gostaria de formar um grupo e mais tarde uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que atua no combate ao racismo, busca a promoção da saúde, sob a perspectiva de gênero e raça, buscando a construção da inclusão social da população negra e o fortalecimento das mulheres negras urbanas ou rurais?”

É este o convite que apresenta ao público o grupo Pérolas Negras, hoje apenas uma comunidade em páginas de redes sociais mas o mais novo e ousado projeto de oficializar movimento de valorização e reconhecimento da mulher, especialmente a mulher negra e de baixa renda, discriminada por gênero, cor e classe social.

O grupo nasceu de um encontro. De um lado, Jessica Machado dos Santos, 22, estudante de ciências sociais da Unesp de Marília. Do outro lado, serviços procurando formas de organizar a sociedade, especialmente junto à coordenadoria de Políticas para Igualdade Racial, dirigida por Rita Magnani.

Em poucos dias a página caminha para ser a base de uma ONG voltada à mais importante tendência dos movimentos sociais de proteção da mulher: empoderamento. Leia-se este poder como capacidade de ocupar espaços públicos, influenciar decisões públicas, políticas de integração e, especialmente, formar opinião e disseminar ideias.

“Começou com algumas postagens, divulgando ideias que eu gostava de ver e difundir. Mas cresceu tanto que deixou de ser uma página minha para ser uma proposta de organização, estou trabalhando com algumas amigas que já atuam comigo. Não sei até onde podemos chegar, já começa a ficar maior do que eu imaginava”, diz Jéssica.

São projetos em muitas áreas, desde conscientização sobre nova postura em relação à estética, especialmente para crianças e adolescentes negras, até temas como saúde, do mercado de trabalho, participação política.

A estética é considerada importante porque crianças alvo de discriminação por questões de beleza e padrões crescem, com riscos à autoestima e valorização pessoal. A proposta começa com a ideia de que a mulher não precisa ter o cabelo longo e liso para ter a beleza reconhecida, mas que a decisão deixe de ser problema e passa a ser normal como é para loiras, ruivas ou morenas.

O mesmo se aplica ao mercado de trabalho, das organizações sociais, órgãos e altos cargos públicos. Deixa de ser problema quando passa a ser normal ter executivas, presidentes de entidades, dirigentes públicas negras.

Estudante de Ribeirão Preto, Jessica chegou a Marília 2013, quando trocou o curso de História, de Assis, para o de Ciências Sociais. Busca formas de colocar em atividades práticas além da universidade o que conhece sobre história, organização social, combate ao preconceito.

Rita Magnani, coordenadora de Políticas para Igualdade Social na Secretaria Municipal da Juventude e Cidadania, disse que as proposta atende uma expectativa dos serviços públicos. “Uma das coisas importantes que agora chamamos a população é para que se organize. Descobrimos que não há sociedade civil organizada. É preciso ter associação, organização formal para poder tomar parte nas políticas públicas”, explica.

A coordenadoria já atua com organização de mulheres de baixa renda, políticas de integração, valorização da história e cultura negra nas políticas educacionais e considera um achado encontrar movimentos sociais que busquem formalização.

O foco é promover a página e o grupo para que possa ser um espaço de reação contra o racismo mas também de ação para apresentar propostas, lançar políticas públicas e criar espaços públicos para informação a respeito, ou seja, um grupo de reação mas de propostas, de evolução do debate.

Mais informações e detalhes sobre como a participar, o caminho mais curto é interagir com o grupo no facebook (acesse AQUI ) mas os contatos podem ser feitos também pela Secretaria da Juventude de Cidadania, junto à coordenadoria de Rita Magnani, pelo telefone 3402-4411.