Marília

HC tem noite de sobrecarga, macas no corredor e desinformação a famílias

HC tem noite de sobrecarga, macas no corredor e desinformação a famílias

O setor de urgências e emergências do Hospital das Clínicas de Marília viveu no final de tarde e noite desta sexta-feira mais um momento de sobrecarga, desinformação e macas em corredores para pacientes.

O setor sofre com grande volume de atendimento regional e uma reincidente falta de estrutura para dar conta do volume de serviços e atendimento adequado às famílias a pacientes. Inclui falta de leitos, de equipes, de espaços para quem espera e de concursos para contratação, uma situação agravada pelo exigido controle de horas extras.

A proposta de atendimento humanizado, que abre possibilidade de visitas na urgência a partir de 20h30, não consegue acompanhar os momentos de sobrecarga e a chegada de emergências deixou até 20 familiares de pacientes em pé na porta do pronto-socorro sem informações até final da noite e início da madrugada.

Com a chegada de pacientes em estado grave, a transmissão de informações para as famílias é paralisada junto com as visitas. A portaria informa aos interessados que está proibida a entrada e que nenhum médico ou residente pode deixar o atendimento para transmitir as informações.

A família de uma paciente de 78 anos levada ao PS com indicação de infecção urinária, anemia, desidratação e prostração recebeu pouco depois das 18h a informação de que ela sofreu um AVC Isquêmico e que os detalhes seriam apresentados na visita.

Como a visita foi adiada, a família só conseguiu informações sobre o estado da paciente por volta de 0h30 deste sábado e com desencontros. Uma médica informou que não houve AVC e a paciente seguia em observação para reação ao atendimento.

Os familiares ficam distribuídos em poucas cadeiras do lado de fora e precisam esperar informações de funcionários da portaria por uma pequena janela na porta, onde dividem espaço com pacientes que chegam para atendimento.

A entrada no novo setor de emergência, inaugurado em 2017, recebeu macas com pacientes, que também ocuparam área de corredores.

Nada de muito novo e os transtornos não são exclusividade da emergência. Há alguns dias, uma paciente em tratamento contra um caso de câncer foi orientada a fazer jejum a partir da noite anterior para exames pela manhã. Aos 69 anos, chegou cedo e sem comer. Passou a manhã e início da tarde assim, até um médico descobrir o caso e mostrar indignação com os riscos de desidratação.

Assim, sem espaço adequado, sem equipe suficiente para todo o atendimento necessário, a humanização sucumbe a cada momento de sobrecarga do HC.

E nessa hora nunca aparece um político para falar que foi a São Paulo, que falou com o governador, explicar porque a estadualização não sai, porque o concurso não sai, porque o HC segue centro de serviço em 62 cidades com uma confusa estrutura de gestão com duas autarquias, uma faculdade, duas fundações.

A sobrecarga de uso político do complexo Famema segue espalhando vítimas e parece cada vez pior que a sobrecarga do serviço. Lembre disso quando ouvir o próximo discurso ou vir a próxima foto de autoridades sorridentes.