Marília

Igreja de Marília tem racha após denúncias de discriminação a autista e assédio moral; padre fica

Igreja Sagrada Família , na zona norte da cidade, tem racha, denuncias e padre fica – Reprodução/Diocese de Marília
Igreja Sagrada Família , na zona norte da cidade, tem racha, denuncias e padre fica – Reprodução/Diocese de Marília

A paróquia da Sagrada Família em Marília vive um racha entre fiéis que chegou a relatório com série de denúncias contra o padre responsável e pode ser agravado por uma decisão da Diocese que manteve o pároco no cargo. A decisão é que padre e a comunidade busquem a harmonia considerada um símbolo da instituição.

Envolve uma igreja criada em 1976 no coração de bairros de perfil muito popular na zona norte da cidade. Na época, próxima a indústrias e áreas ainda com ocupação rural ao lado de conjuntos habitacionais com cercas de madeira e casas com terra na calçada.

Uma história chacoalhada por um documento e acusações que incluem discriminação a uma criança autista, assédio moral a ex-funcionárias, tratamento rude a frequentadores e até ao diácono, um paroquiano autorizado a comandar algumas das atividades religiosas.

O bispo Dom Luiz Antonio Cipolini não atendeu pedido de afastamento do pároco, determinou mudanças de postura, recebeu pessoalmente alguns fiéis e orientou medidas apresentadas por uma comissao de religiosos.

Igreja chegou a ser esvaziada em projeto de obras, celebrações foram salão paroquial mas já voltaram – Reprodução

A crise envolve situações desde 2022, teve agravamentos com um projeto grandioso de reforma no prédio – a igreja chegou a ter celebrações no salão paroquial – e atingiu as atividades públicas com a paralisação de muitos projetos históricos, perda de funcionários e até fechamento da secretaria.

CRIANÇA AUTISTA

O relatório com 27 páginas inclui a carta da mãe que não conseguiu inscrever um filho autista na catequese.

A carta informa que em contato com o padre, ele “disse que meu filho é incapaz de compreender o que é o sacramento”, “não garantia que ele iria até o fim” e que caso o padre considerasse que ele não compreendeu, a catequese seria interrompida e “que ele não seria digno de receber a comunhão”.

A família foi chamada pelo bispo Dom Luiz Antonio Cipolini e recebeu um pedido formal de desculpas em nome da Diocese. Manifestou falta de interesse em seguir ligada a paróquia até mudança na gestão e foi direcionada para buscar outra comunidade. Ou seja, deixar a paróquia. O Giro Marília apurou que a mãe a criança segue fora da catequese.

ASSÉDIO MORAL

Ex-funcionárias denunciaram situações de assédio moral e – segundo o relatório – foram demitidas em pranto após relações ‘de medo’ na gestão da paróquia

A igreja ficou sem funcionários – o que acontece até hoje – inclusive na secretaria para atendimento básico a quem procura.

A situação provocou uma ‘admoestação’ ao padre para que mantenha conduta de boa relação com trabalhadores e que contrate pelo menos dois funcionários.

CRISE COM DIÁCONO

A lista de denúncias diz que o padre cortou pagamento da gasolina para deslocamento do diácono em atividades da igreja – algumas das quais o pároco teria se recusado a fazer, como benção a enfermos e extrema unção -.

Há denúncia de situações quase infantis, como o fato de que o diácono teria sido proibido de guardar no local vestimentas formais que precisa usar nas atividades formais, inclusive as realizadas dentro da igreja.

E por fim há relatos de tratamento rude e que levaram a um quadro de pânico e ansiedade em tratamento médico.

A decisão da Diocese é orientação para que o padre procure o diácono e tenha uma conversa em busca de harmonia e reintegração do paroquiano às suas atividades.

As orientações gerais foram apresentadas ao Conselho Paroquial – nomeado pelo padre – em encontro com o vigário episcopal Wagner Montoz, e os padres Marcos Cesário da Silva e Tiago Barbosa.

O Giro Marília apurou que foi um encontro com manifestações ‘agressivas’ de paroquianos contra o diácono e outros críticos do pároco.

Foram só mais um sinal de que as orientações parecem não encerrar a crise no relacionamento. A decisão não eliminou críticas e ainda provocou mensagens com manifestações de afastamento da igreja e até defesa de novas denúncias, dessa vez ao Vaticano.

A igreja foi instalada em 1976 como capela da Paróquia São Miguel Arcanjo. Em dezembro de 1979 foi transformada em Paróquia Sagrada Família.

Recebeu padres que tornaram-se nomes históricos no acolhimento e defesa da comunidade como Próspero Vechione, monsenhor Achiles Paceli de Oliveira Pinheiro entre 2005 e 2012 e padre Edson de Oliveira Lima, hoje em Oriente.

Nestes anos construiu estrutura física, implantou programas de atendimento à comunidade e ganhou visibilidade em acolhimento a moradores em situação de rua e movimentos comunitários.

Hoje o desafio é buscar harmonia ou perder fiéis. Muito pouco para uma paroquia com tanta história.

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