O administrador de empresas Walter Shindi Ihoshi, 53, assume em 1º de fevereiro vaga como deputado federal por São Paulo, prevê mandato com pressa para apresentar suas ideias – é suplente e não quer perder tempo – e anuncia atuação com a base governista, mas avisa: tem “dificuldade” para votar a favor de projetos para criar ou aumentar impostos. Faltou dizer que ele começa o ano otimista.
Assume como suplente do deputado Edinho Araújo (PMDB), afastado para assumir função de Secretaria Nacional de Portos, cargo com status de ministério. Durante dois meses e 12 dias foi deputado eleito. No dia 17 de dezembro, um dia antes da diplomação, perdeu a vaga. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) acatou recurso do candidato Paulo Salim Maluf (PP), dono de 250 mil votos.
Sete dias depois de perder a vaga recebeu a notícia de que iria assumir como suplente com a nomeação de Edinho Araújo. “Costumo dizer que sou uma pessoa de sorte.”
Ihoshi é formado em gestão pública pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), com especialização em Marketing e Negócios, e diplomado em Comércio Exterior pela Universidade da Califórnia, e diretor da Facesp (Federação das Associações Comerciais de São Paulo).
Natural de São Paulo, onde formou sua base eleitoral como administrador e candidato da comunidade japonesa, iniciou carreira política em 2003 pelo PFL. EM 2006 recebeu 101 mil votos para o Congresso. Em 2010 elevou a votação para 104 mil, ainda assim como suplente.
Marília, com pouco mais de 9.000 votos, foi sua segunda base eleitoral. Com Assis e outras cidades próximas, chegou perto dos 20 mil votos. Transferiu para a cidade parte de sua atuação, instalou escritório, assessoria e ganhou eleitores. Virou o deputado de Marília, onde praticamente dobrou votação. Promete para a cidade boa parte de suas propostas e pressa no trabalho.
GIROMARÍLIA – O senhor assume como suplente. Em que isso muda seu trabalho e sua perspectiva para 2015?
WALTER IHOSHI – Começo um ano bastante otimista, confiante de que vou fazer o mandato todo e um bom mandato. Costumo dizer que sua uma pessoa de muita sorte. Um dia houve o julgamento e pouco depois, mal foi montada a equipe de governo, estava com a vaga de deputado. Mas vamos ter que trabalhar muito e correndo.
Prevejo um mandato conturbado pelo momento que o país vive. Terá votações importantes, em fevereiro a Operação Lava-Kato deve fazer revelação de nomes de políticos envolvidos nas acusações e isso com certeza vai refletir no Congresso.
GIROMARÍLIA – Com esse quadro, como vê sua atuação em relação ao governo?
WI – Nosso partido compõe a base aliada. Então neste sentido acredito que o trabalho e toda a região de Marília poderão ser beneficiados, teremos emendas e propostas a serem apresentadas que vão reafirmar nosso compromisso com a região. A indicação do ex-prefeito Gilberto Kassab como ministro das Cidades do nosso partido fortalece muito o trabalho, sobretudo em defesa da saúde e infraestrutura.
GIROMARÍLIA – O senhor será então um deputado da base, mandato de sustentação?
WI – Sempre votei com minha consciência. Na votação da CPMF estive com a oposição, fomos contra renovação do imposto. Acredito que neste mandato, pela própria situação econômica, o governo possa encaminhar propostas de novos impostos. Confesso que tenho dificuldade para votar a favor destas ideias. Sou defensor da livre iniciativa, que não combina com carga alta de impostos. Mas estarei sempre com espírito colaborativo, participativo. O que for bom a gente vota junto.
GIROMARÍLIA – Como deve ser sua relação com a cidade e com o prefeito Vinícius Camarinha?
WI – Temos um bom relacionamento, inclusive recebi uma ligação do prefeito, que pediu nossa atenção em alguns assuntos. Também temos recebido muitos pedidos na área de saúde, que já tivemos propostas aprovadas e verbas importantes.
GIROMARÍLIA – E sua relação com o deputado estadual eleito, Abelardo Camarinha? O senhor vê necessidade e possibilidade de ações conjuntas?
WI – Temos uma relação muito boa, de respeito. Nessa campanha em função do envolvimento com a cidade tivemos parceria, mesmo em coligações diferentes. Acho importante trabalhar junto e isso vai colaborar com a cidade. E ele vai estar ao lado do governador Geraldo Alckmin. Algumas iniciativas dependem de suporte estadual, em alguns casos não é possível atender com verbas federais, então acredito que podemos desenvolver projetos em parceria.
GIROMARÍLIA – Como suplente, o senhor teme que possa sofrer pressão para votar com o governo sob ameaça de perder a vaga, de o ministro voltar ao Congresso?
WI – Não acredito nesse tipo de negociação. Não houve nada disso agora e não acredito que isso possa aparecer no futuro. Nunca percebi uma situação como essa em nenhum dos mandatos. Claro, em votações polêmicas sempre existe pressão, a base governistas sempre é mais cobradas, mais procurada e isso deve ocorrer sempre, mas não acredito que chegue a esse tipo de negociação.