In memorian de Antonio Napoleão dos Santos

Nessa última segunda-feira de janeiro, desse Novo Ano, dia, 08 de janeiro, logo pela manhã fomos surpreendidos pela notícia que o querido Antonio Napoleão dos Santos, eminente médico psiquiatra de nossa cidade havia nos deixado! Como assim? Sem algumas pessoas, nossos esteios, a vida por instantes parece ficar sem chão. Estávamos acostumados receber seu apoio e força incondicional e isso para todos que precisavam do convívio e amizade com ele nos alimentava, nos fazia sentirmos mais seguros nessa aventura incerta que é a vida.

Napoleão tinha uma característica marcante de não se apavorar com os fatos, confiar que a solução viria e assim foi transmitindo esses ensinamentos de vida, toda essa convicção de que a vida é possível – é só darmos o nosso melhor! E essa foi sua marca. Apaixonado pelo personagem clássico de Miguel Cervantes – D. Quixote de la Mancha – o visionário fidalgo que em cada pessoa enxergava seu melhor e dela fazia com que assim procedesse, foi responsável por brindar sempre seus amigos de paz e confiança e seus incontáveis pacientes aprenderam lutar para melhorar suas vidas com a crença que a flor nasce do impossível chão. Napoleão cultivava a parte sadia das pessoas e as ensinava a seguir assim. Por afinidade de pensamento dentro do campo da psiquiatria quando ele formou-se no final da década de sessenta na Universidade Federal de Curitiba, ele seguiu ainda mais para o sul do país e foi fazer residência na Fundacion Encarnacion Blaya – A Clínica Pinel de Porto Alegre dirigida por Marcelo Blaya Perez que depois tornou-se mais um de seus grandes amigos. Em fins de 60 – início de 70 era o auge da formação revolucionária chamada Comunidade Terapêutica que era um ambiente de tratamento que saia totalmente dos moldes clássicos e tratava de pessoas que lidavam com dependências, transtornos mentais ou comportamentais. Geralmente oferece suporte emocional, educação, terapia individual e em grupo além de atividades para promover a recuperação e a reintegração social. Esse ambiente é projetado para ajudar os indivíduos a se recuperarem e desenvolverem habilidades para uma vida saudável fora da instituição. Uma proposta onde o tratamento baseia-se principalmente na participação de grupos chamados – grupos operativos – e o paciente aprende muitas questões de convivência que ficaram marcadas e deterioradas pelo tempo em que os sérios conflitos se instalaram. Com esse método inovador, Napoleão veio se estabelecer em Marília para começar sua vida profissional e marcou gerações de jovens psiquiatras que vieram estudar com ele – como docente da FAMEMA, como Diretor do HEM, e assim implantou tantas inovações. Toda essa trajetória foi digna de muita admiração e progresso tanto para ele como para todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo e de com ele conviver. A tristeza pela perda é grande, por outro lado, com dimensões semelhantes porem oposta, a alegria é grande também por ter conhecido um ser humano ímpar.

Nunca um paciente ficou sem o seu atendimento quando dele se aproximou. E essa mesma competência ele teve em sua vida social oferecendo uma amizade inigualável a seus amigos e sua vida familiar, formando junto com sua esposa Maria Alice, uma família linda! Rafael e Juliana se tornaram médicos, profissionais da mesma estirpe do pai, netos amorosos – Joaquim e Gael, genro Guilherme e nora Francielle.

Veio de uma família numerosa com vários filhos, Emygdya, Elza(falecida), Bolivar e José Epaminondas. Todos com esse propósito de fazer da vida a melhor!