Marília

Lembre polêmicas da gestão Vinícius que vão refletir no futuro da cidade

Ex-prefeito Vinícius Camarinha (PSB) acompanha limpeza de terrenos no combate a epidemia – Divulgação
Ex-prefeito Vinícius Camarinha (PSB) acompanha limpeza de terrenos no combate a epidemia – Divulgação

A Prefeitura de Marília e os serviços públicos em geral abrem suas portas hoje para o primeiro dia de gestão de Daniel Alonso (PSDB), em substituição a Vinícius Camarinha (PSB).

Mas Daniel – e até futuros gestores – devem sentir por algum tempo efeitos do “legado” de Vinícius, seja nas contas públicas em frangalhos ou nos projetos e obras com repercussão em desenvolvimento, serviços e investimentos futuros.

Lembre dez situações polêmicas da gestão Vinicius Camarinha que não acabam com seu mandato.

1 – Crise nas contas

Após quatro anos fazendo discurso de reorganização financeira e de prefeitura com nome limpo, a gestão de Vinícius Camarinha chegou a dezembro enterrada em dívidas. Cálculos dos aliados indicam R$ 200 milhões só em contratos parcelados. Os novos gestores avaliam o rombo em quase R$ 500 milhões.

2 – Crise do lixo

O rombo financeiro criou crises paralelas. A mais grave foi a do lixo. Sem receber, a empresa Monte Azul, terceirizada para coleta, parou de trabalhar. Como nos quatro anos de gestão a frota da limpeza não recebeu investimentos, a crise pegou a cidade com caminhões sucateados. O resultado: lixo, insetos e mau cheiro espalhados em toda a cidade. Também parou o transbordo para retirar da cidade lixo recolhido. A nova gestão terá de regularizar os serviços.

3 – Crise dos salários

Outro efeito colateral da crise financeira. Terceirados da saúde, estagiários da educação e até merendeiros terceirizados para fornecer alimentação para rede estadual ficaram com salários atrasados e promoveram greves e protestos. Postos de saúde paralisaram atendimento. Até médicos pararam. A terceirização da saúde segue como gasto alto da nova gestão.

4 – Plano de Carreira

Depois de enfrentar a maior greve da história da prefeitura – 35 dias de paralisação – e rejeitar reajuste pelo índice da inflação, Vinícius Camarinha lançou após sua serrota nas urnas um Plano de Carreira para servidores que deve gerar melhoria salário e um impacto na folha de pagamento que ainda é totalmente desconhecido. O Plano entra em vigor nesta segunda-feira.


5 – Obras do Esgoto

Anunciadas como as obras do século, as medidas para implantação de estações de tratamento de esgoto começaram de forma errada. Com repasse federal de R$ 63 milhões para duas estações, a prefeito assinou em março de 2013 um contrato de R$ 106 milhões para três obras, com a promessa de entregar em dois anos. Não entregou nenhuma, ficou com dívida a ser paga para a empreiteira OAS e corre risco de não conseguir manter o convênio para repasse federal, que acaba em abril deste ano.

6 – Operação Miragem

Em uma investigação do complexo de comunicação CMN (Central Marília Notícias) – que lacrou duas rádios do grupo, a Diário FM e a Dirceu AM – a Polícia Federal foi também à casa do prefeito Vinícius Camarinha e familiares e ao gabinete na prefeitura. O fim das investigações não foi divulgado.

7 – Câmara a seus pés

O Legislativo nunca esteve tão carinhoso com uma gestão. A prefeitura emplacou repetidas vitórias polêmicas – como rejeição de comissões processantes – com placar de dez a três. O resultado? Mudanças em legislação, lei orgânica, votação de contas, plano de carreira e outros projetos polêmicos sem debate ou fiscalização pelo Legislativo. Futuros prefeitos herdam essa legislação muitas vezes feita a toque de caixa e com poucas informações.

Para lembrar os nomes, os governistas que sustentaram a base tranquila de Vinícius Camarinha foram Herval Rosa Seabra, Luiz Eduardo Nardi, Sônia Tonin, Sílvio Harada, José Menezes, Samuel Menezes (o Samuel da Farmácia), Expedito Capacete Carolino, Marcos Custódio, Marcos Rezende e José Bassiga Goda. Na oposição, ficaram Cícero do Ceasa, Wilson Damasceno e Mário Coraíni Júnior.

8 – Epidemia

Uma epidemia de dengue iniciada em outubro de 2014 – e desde aquela época identificada pelos serviços de saúde – foi mantida em sigilo até que a doença começou a provocar mortes e uma legião de pessoas contaminadas e atendidas em estado grave. Quando finalmente admitiu a epidemia, a prefeitura silenciou hospitais para controlar informações sobre tamanho da crise, criou uma unidade específica de atendimento que permaneceu por dias superlotada e fez um contrato suspeito de emergência para trabalho de prevenção e eliminação de criadouros do mosquito transmissor da doença.

Para quem perdeu pessoas queridas, para quem contraiu a doença e está em risco de contrair formas mais graves, a epidemia segue como lembrança preocupante.

09 – Superavenida, grandes loteamentos

Outra grande obra com recursos do Estado foi a abertura da avenida Cascata, batizada oficialmente de “Radial Leste-Sul”, criada para ligar bairros da zona leste à região do cinturão de condomínios de luxo na avenida das Esmeraldas. A nova avenida, a mais moderna da cidade, não teve suporte de nenhuma informação sobre impacto de veículos ou melhoria no trânsito mas abriu novo trajeto e usou obra pública que já impulsionou lançamento de pacote de condomínios de luxo ao lado da nova via. Os proprietários dos condomínios agradecem.

10 – Daem

Um projeto para privatização dos serviços de água e esgoto deixou o Daem (Departamento de Água e Esgoto) sem investimentos em modernização ou estruturação para investir e atender a cidade. A Justiça enterrou a privatização, o Daem não tem estrutura, máquinas ou recursos suficientes para todos os desafios do setor e precisa ser revitalizado.