
Marília fez nesta segunda-feira a despedida ao pioneiro Manoel Joaquim Pires, 89 anos, que ficou notabilizado como fotógrafo, mas marcou a história da cidade também como comerciante.
Nascido em dezembro de 1933 em Portugal, chegou ao Brasil 20 anos depois. Iniciou suas atividades em Marília como dono de um bar. Ali adquiriu a primeira máquina quando um cliente ofereceu por necessidade: precisava de dinheiro.
Comprou para ajudar, mal sabia colocar o filme. Fez as primeiras imagens até de forma mais retraída, preocupado que as pessoas percebessem sua falta de conhecimento na área, situação que durou pouco.
Passou a fotografar clientes, amigos, cenas da cidade até chegar a coberturas fotográficas de eventos. No início revelava as fotos com outro grande nome do setor, Sebastião Leme, de quem se tornou amigo.
Desenvolveu um interesse especial por fotos noturnas, com pouca luz. E uma deles rendeu muita visibilidade em 1958. A imagem de de uma rua com piso de paralelepípedos, pouca luz em uma noite de chuva, foi publicada no jornal Diário de SP e correu o país.
Diretor e frequentador no clube de cinema, acompanhou o primeiro festival promovido pela entidade e que trouxe grandes nomes nacionais à cidade. Decidiu fazer cobertura fotográfica do evento sem contrato algum.
Criou vitrines móveis para expor o trabalho. Atingiu muito mais que o público: revistas e publicações de todo o país compraram imagens.
Foi também ativo participantes da Casa de Portugal, que reúne na cidade imigrantes portugueses e seus descendentes. Atuou ainda como agente de viagens e em 1998 recebeu da Câmara o título de Cidadão Mariliense.
As causas da morte não foram divulgadas. Manoel Joaquim Pires foi sepultado no Cemitério da Saudade na manhã desta segunda.