A médica Iara Alves Coelho Sganzella, que atua no Hospital das Clínicas de Marília, divulgou um depoimento importante para difundir orientações, combater preconceito e dividir emoções e descobertas feitas após diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista em Pedro, seu filho.
O depoimento é uma contribuição da médica para a campanha “Abril Azul”, que trata de conscientização sobre o autismo, Iara conta como lidou com o diagnóstico e como faz para conciliar a carreira acelerada de gestora e médica cirurgiã com as responsabilidades de mãe.
Iara conta que se preparou para a maternidade e teve o filho aos 35 anos, já com a carreira consolidada.
“Quis ter filho mais tarde para que tivesse condições de me dedicar. A idade elevada da gestante é fator de risco para a ocorrência do autismo e outras síndromes, mas tudo ia muito bem. O Pedro nasceu saudável e nos primeiros meses o desenvolvimento surpreendeu. Ele sentou com quatro meses, aos seis já engatinhava e escalava degraus da escada de casa; aos oito pronunciava algumas palavras e andou aos dez.”
Iara conta que o desenvolvimento acentuado cessou quando Pedro completou um ano e três meses. Nesta fase ele se afastou das outras crianças e deixou de atender quando chamado.
“Ele parou a comunicação e notamos que ele desenvolveu o hábito de enfileirar os brinquedos. O carrinho passou a ser arremessado e para abrir a porta, por exemplo, conduzia a minha mão para que abrisse por ele”.
Com um ano e quatro meses as investigações foram intensificadas. Todos os fatores sugeriam o autismo, mas a idade de Pedro, ainda muito bebê, não favorecia o fechamento do diagnóstico.
“A avaliação sensorial apontou que todos os sentidos eram perfeitos. Optei por não esperar e todas as terapias possíveis foram iniciadas. Eu era chamada de exagerada e até de louca, mas tinha comigo que algo nele era diferente. Coração de mãe não se engana”.
O TEA apresenta uma prevalência relativamente alta na população e está presente em 1 a 2% das crianças e adolescentes.
“As mães precisam entender que não estão sozinhas. Eu divido a minha história como uma maneira de apoio às mães, mas principalmente por luta contra o estigma social; para que as pessoas entendam e respeitem todas as diferenças”.