O aumento das tarifas de ônibus não foi uma surpresa, não caiu do céu porque o prefeito acordou e decidiu, hoje é dia de reajustar. Já havia a informação nos bastidores há dias. Os movimentos sociais não ouviram, a oposição, os vereadores indignados da situação não fizeram nada. A crítica do dia-a-dia sobre o péssimo serviço falhou na hora em que não podia. Pior para o cidadão comum.

A passagem subiu pela segunda vez no ano, pela terceira vez em 15 meses, muito acima da inflação. A empresa despeja pacotes de números para explicar e até pra deixar pronto o discurso em defesa do prefeito.Afinal, ele deu “só” 5% enquanto as empresas pediam 20%. 

Nada de novo no discurso e no fato de os valores seguirem subindo muito acima do que sobem salários dos usuários. Os servidores municipais, por exemplo, tiveram 4% de reajuste. é menos do que a empresa ganhou em seu segundo reajuste, mas a prefeitura deu muito menos que o pedido, imagine, que símbolo de coragem e saúde civil…SQN.

O discurso antigo também é acompanhado por um segredo antigo: quanto afinal as empresas faturam em Marília? Quanta gente anda de ônibus? Quantos pagam em dinheiro, quantias incalculáveis que a receita também não tem a menor condição de controlar?

E tem mais informação velha. Tudo isso acontece com as críticas de sempre sobre o transporte. A mensagem é litralmente essa: está assim e vai ter que pagar mais para ficar assim, se quiser mais, paguem mais ainda. Como sempre, os cidadãos estão insatisfeitos, o volume de queixas pipoca todos os dias, repercute no discurso político de situação e oposição.

No resumo do discurso está a mais antiga invenção do empresariado brasileiro, o capitalismo sem riscos: monte uma empresa e preste serviços se o governo der os subsídios. Tudo subiu? Aumente o custo. É uma lógica bem parecida com o uso de aumento de impostos para fazer o caixa das administrações.

Não é o usuário que controla ou avalia o serviço público. O usuário não tem voz nas decisões sobre as mudanças e “os estudos técnicos” do transporte. Boa parte dos usuários não vai entender os nomes bonitos usados para explicar o aumento, os altos custos.

São usuários que vão continuar precisando do ônibus, vão pagar e fim. Assim como o discurso antigo, é históico que eles paguem a conta.