Marília

Morre Sérgio Domingues, professor da Unesp e pesquisador de cultura indígena

Sérgio Domigues, o Sérgio Krahô, tinha 64 anos
Sérgio Domigues, o Sérgio Krahô, tinha 64 anos

Faleceu nesta segunda-feira em Marília o professor universitário Sérgio Augusto Domingues docente do Departamento de Sociologia e Antropologia da Unesp e conhecido como “Sérgio Krahô” por seu envolvimento em pesquisa com esta comunidade indígena, com quem repartiu 30 anos de projetos, dez deles vivendo com os índios. Domingues completou 64 anos no sábado, já em tratamento médico na cidade.

Formado em filosofia pela USP na década de 80, com mestrado e doutorado pela PUC e pós-doutorado  pela Universitá degli Studi di Roma La Sapienza, Sérgio Domingues era professor-assistente em Marília e integrante do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo.

Ingressou na Unesp em 1994 e desde então dedicou-se sistematicamente ao ensino e à pesquisa sobre etnologia indígena. Também foi professor na Universidade Federal do Paraná e na Universidade Federal do Mato Grosso.

Na década de 90 foi responsável por um programa de integração cultural e de disseminação de informações que trouxe à cidade lideranças indígenas para encontros com estudantes e autoridades.

Trabalhou no Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e na Funai e viveu com os Krahô no Tocantins e com os Xavante no Mato Grosso, expressando em sua atividade acadêmica a experiência etnográfica. 

“A minha experiência como indigenista (coisa que de um modo geral os antropólogos não são hoje), mas que Darci Ribeiro foi, e outros; isto é, viver e trabalhar entre os índios como funcionário do Estado, ou então, como um funcionário de uma ONG, como foi o meu caso, é militar por esta sofisticação que o território brasileiro oferece ao mundo que é a sociodiversidade”, disse o professor em uma de suas muitas manifestações sobre seu trabalho.

Além de introduzir o universo indígena brasileiro aos seus alunos de graduação em Ciências Sociais, o professor desenvolveu pesquisas em torno da recepção e do olhar indígena sobre as imagens, particularmente, a linguagem cinematográfica.

Desenvolveu pesquisas sobre o cinema indígena e o cinema sobre os indígenas. Ressaltando reflexões sobre Antropologia Política, Antropologia do Cinema Indígena e Antropologia da Educação Indígena. 

Publicou artigos sobre o universo cultural, sujeitos e saberes na Educação Indígena e, mais recentemente, participou da elaboração de um curso de licenciatura para professores indígenas que atuam em áreas indígenas no Estado de São Paulo. 

A Diretoria da Unesp de Marília decretou luto oficial de três dias em decorrência do falecimento do docente. Até o início desta tarde não havia informações claras sobre causa da morte ou sepultamento. Uma informação passada à Unesp indicava que o professor deve ser cremado ou sepultado em Campinas, onde vivem familiares.