Ela sentada naquela praça, procurava esquecer todo o sentido de sua vida, a cada gole de vinho esquecia cada vez mais todos os seus problemas e não eram poucos. Uma bela música embalava seus pensamentos e a transformava na mais alegre e bonita de todos que mergulhavam a sua volta. Eram muitos que a olhavam, mas nada mesmo a importunava ou tirava sua concentração em sonhos que iam para longe.
Esquecia até, que o pouco dinheiro que estava em partes exposto sobre a mesa e restante embaixo de um ramo de flores só lhe poderia pagar mais duas taças. Não se importava, o vinho e a música a transformava em rica e poderosa. Continuava pedindo mais e mais até que a música parou e o vinho de sua oitava taça acabou. Mas como poderia sair dali, ainda não estava levemente bêbada. Não poderia voltar para realidade, as angústias eram muitas quando ele se aproximou. Pedira mais do mesmo que ela bebia e melhor ainda, pediria para ela também. Pronto, tudo estava resolvido.
Ela nada dizia. Apenas ouvia, bebia, fugia para longe dali e transformava tudo em uma sublime arte de se afastar da realidade. A conta chegou e entre olhares desconfiados eles se levantaram. Não importava o valor, o que importava era a chuva que caia e o quanto eles corriam. No fim da noite e amanhecer do dia, nem as mãos se deram. O tempo voltara para sua realidade.
Ambos seguiram para suas vidas com tudo que lhes eram de direito. Tomaram o mesmo café, compartilharam do mesmo banheiro, devoraram as mesmas notícias e tomaram o mesmo carro. Ele a beijou e se despediu em direção ao seu trabalho dizendo: Até mais tarde querida, na mesma praça e no mesmo bar.