Seja você um fervoroso militante de esquerda ou seja um ultradireita, acho que podemos concordar em uma coisa: não é bom sinal a existência de movimentos como o MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) em cidade nenhuma. Talvez a gente chegue a esta conclusão por motivos diferentes, mas não é bom.
A simples existência de uma coordenação e de lideranças na cidade mostra um problema estrutural de habitação, mostra disposição de um bom número de moradores em ir às ruas protestar e indica que, mesmo que tudo aparentemente esteja certo, o poder público não está conseguindo boa comunicação com uma parcela da cidade.
E tanto faz se você acha o movimento o máximo ou se vai chamar todos de vagabundos. A simples existência do movimento indica problemas não resolvidos.
Problema de habitação não é bom para bem-estar de pessoas, para tranquilidade de famílias, para abrigo adequado de crianças. E todo mundo sabe que isso redunda em problemas sociais que atingem e influenciam serviços públicos como saúde e atendimento social.
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Protestos são piores ainda. E não estou dizendo que eles devam ser proibidos, reprimidos ou contidos na base da borrachada (eu sei, os ultradireita vão discordar). Estou dizendo que cada protesto é um transtorno a serviços públicos, ao ir e vir de trabalhadores, ao sossego a que têm direito idosos, doentes e bebês, sem falar nos riscos de danos ao patrimônio.
Para completar, falha na comunicação com a sociedade, com qualquer parcela dela, também não é bom. Todo cidadão é em parte dono da cidade, usuário com direito aos serviços, contribuinte que financia a conta. Todo cidadão precisaria ser ouvido e ouvir. Se vai ser haver invasão de áreas para pedir casa, a comunicação falhou.
E pelo jeito os moradores ligados ao MTST acham que não são ouvidos, tanto que prometem ir ao centro gritar.
Os sinais de que o sistema está errando existem antes do MTST, especialmente pela presença e crescimento das favelas. Foi assim em Marília também. A existência do movimento Sem Teto é consequência. E pode ser causa de outros problemas. O bom, como em toda complicação, seria evitar. Parece que já não dá tempo. Pior para todos.
