O bar não era o mais famoso da cidade, porém para nós, os frequentadores, aquela mesa bastava. Aquelas músicas as vezes sem graça e com músicos não tão bons bastava. As poucas mulheres solteiras que lá frequentavam bastavam. Ele, o mais velho de um pequeno grupo de amigos era o centro das atenções e somente as nossas conversas, piadas e besteiras faladas com muito risos bastavam. Foram muitos e bons momentos que aquele seleto grupo de amigos aos domingos lá participavam.
Os jogos do Corinthians no Bar eram um caso à parte, as poucas vezes que assistimos juntos eram um misto de alegria, sofrimento e paixão pelo clube. O dono e o gerente são palmeirenses e todos que não torciam para o timão faziam questão de torcerem contra para nos provocar ou por puro prazer de serem anti-corintianos. Em um desses momentos, em um jogo entre o Corinthians contra o Flamengo, todos torcendo contra, o timão perdendo e depois de empatar ele ameaça: “ Se o Corinthians virar o jogo eu subo na mesa”.
Mas só foi acabar de falar o Corinthians fez o gol da virada. Tiramos os copos, ele se levantou e o dono do bar gritou. “Pelo amor de Deus, não faça isso”. Nesse dia não sentou na mesa. Mas em outro dia sentou. Quando eu comecei a empurrar a mesa em sua direção o apertando contra a parede. Não teve dúvidas “ Vai continuar a me empurrar, eu sento na mesa”. Continuei de pirraça e ele se sentou na mesa.
Quando o samba acabou aos domingos, o bar também começava a fechar seu círculo. Casais se separaram, outros que ali frequentavam como amigos se juntaram e aos poucos as coisas acabaram. Como tudo na vida acaba um dia, as alegrias e amizades daqueles momentos também acabaram. Os frequentadores já não eram os mesmos, aquela mesa já não era a mesma e o tempo de tocar aquele bar para o dono também se passara. Queria ele ver a filha mais nova crescer. A família, a idade e cansaço já não lhe permitiam ficar longas noites a fio acordado e trabalhando em benefícios de amigos e não em benefício próprio.
Foram muitas as boas histórias que se eu fosse falar de todas daria um bom livro. Porém, histórias são como memórias e memórias a gente as guarda nas lembranças. Hoje, as vezes frequento o mesmo local com outro nome e outro dono. As lembranças sempre rondam nossa memória quando estamos lá. Porém, o que importa, é que hoje ainda continuo tão ou mais feliz com as amizades daqueles amigos que um dia passaram naquela mesa ou por lá.