Se ouvir um galope, pense em cavalos, não em zebras. A frase é atribuída ao que seria uma das primeiras lições a alunos de medicina.
Ainda que não seja, é a ideia mais adequada para a discussão sobre a instalação do AME (Ambulatório Médico de Especialidades) em Marília, tema do momento no debate político cada vez mais raso e desinformado em nossa cidade.
Isso porque é uma polêmica que não trata de custos, de serviços, de volume de atendimento, mas se perde na discussão sobre o melhor prédio e esquece questões básicas.
O AME é um modelo de serviço que precisa ser oferecido com o suporte de um hospital base. O atendimento pode levar a um caso de urgência e maior complexidade que exijam o suporte de um centro médico completo.
O Hospital das Clínicas do complexo Famema é o único de Marília 100% referenciado para o SUS, mantido com verbas públicas, cada vez mais vinculado e integrado ao governo do estado. Parece básico que o AME seja vinculado ao HC.
E se é assim, parece básico também que comece no complexo Famema a discussão sobre o melhor local para os serviços. E me parece lógico e adequado pensar no prédio do antigo Hospital São Francisco.
Além de ser uma estrutura física já planejada para atendimento a pacientes, têm suporte de equipe, a integração administrativa, a interlocução direta com a estrutura do HC para todo caso que exija o suporte do hospital base.
Essa é apenas uma parte do debate.
Longe de mim criticar a instalação do AME, uma reivindicação antiga e o tipo de serviço que qualquer cidade quer.
Mas ainda na linha do pensamento mais simples, mais básico, me incomodam algumas questões.
O AME deve custar em torno de R$ 50 milhões, com a previsão de novos equipamentos em ressonância, tomografia e outras áreas. Bem, na maioria delas o HC sofre com equipamentos defasados ou muitas vezes parado.
Confesso que me anima mais a ideia de ver o HC resgatado, mesmo que eventualmente com um AME inicialmente menor ou menos equipado, a ter um ambulatório de primeiro mundo para um hospital que siga de pires na mão esperando repasses, reformas, equipamentos.
Marília já tem no HC e Famema um complexo de saúde invejável, que o jogo político de outras cidades diversas vezes atuou para combater e diminuir. E o completo resgate do HC deveria ser a base de qualquer projeto de saúde na cidade.
O AME precisa nascer vinculado à Famema e ao HC e precisa ter neste suporte estruturas completas, modernas, adequadas. Não só para cumprir questões técnicas, mas tambérm para cumprir sua missão humanitária de oferecer saúde com dignidade a quem mais precisa e de oferecer um hospital-escola que dê segurança aos profissionais e seus futuros pacientes.
Saúde pública de Marília passa pela Famema e pelo HC.