Lembro como se fosse hoje a primeira vez que fui a um estádio e me tornei corintiano. Foi no início dos anos 1980 e o Corinthians empatava com o MAC em pleno Estádio Abreuzão. Mesmo no colo do meu pai, o temor e o encantamento tomavam conta daquele momento inesquecível, era ali que começava a minha eterna paixão pelo Timão.
Paixão essa que me dá muito mais alegria do que tristeza e que passa por nomes como os goleiros Marcos e o Rogério Ceni. Ambos mitos em seu time.
Marcos sempre atrapalhou o meu time nos momentos mais importantes, quartas e semifinais da Libertadores, porém também me deu muitas alegrias: quando saiu mal do gol e o verdão perdeu o título mundial e o que falar do rebaixamento, foi a gloria. Embora tenha jogado no nosso maior rival, Marcos ao contrário do Rogerio Ceni, é uma pessoa excepcional, é da terrinha de Oriente, gente humilde, bondosa, fala o que pensa e não tenta passar por cima de ninguém. Ou seja, gente do povo mesmo!
Foi titular e campeão do mundo com a nossa seleção com todos os adversários do verdão torcendo por ele e pelo Ronaldo, que depois, iria brilhar e encerrar sua carreira no meu timão.
O Rogério pelo contrário, sempre teve a imagem de uma pessoa arrogante, nariz empinado, querendo e mandando no time do São Paulo. Escalando o time e ajudando a derrubar muitos técnicos. Nunca foi titular de fato na seleção e nem poderia ser.
Não parece ser gente do povo e gente que não é do povo recebe muito mais críticas do que elogios. Ele (Rogério) poderia espelhar-se no Marcos e parar de jogar, mesmo que já tenha passado o seu auge. Vai com certeza virar treinador e espero que nunca passe perto dos portões do Parque São Jorge.
Nesta quarta, portanto, um dia antes da crônica ser publicada, o Corinthians teria a chance de aposentar Rogério Ceni e devolver o gosto amargo de ser o protagonista do centésimo gol do goleiro. Vencer, eliminar e aposentar o goleiro do São Paulo seria obrigação do Timão para esquecer a eliminação do time pelo verdão em plena Arena Corinthians “minha casa minha vida”.
Mas o que fica é que as pessoas têm que ser lembradas pela sua bondade, amizade, companheirismo, adjetivos que o goleiro Marcos tem e não pela arrogância, soberba e vontade de ganhar tudo, mesmo que isso signifique passar por cima de outras pessoas, adjetivos do Rogério Ceni. Temos as nossas escolhas e cabe somente a nós qual caminhos escolher. O do Marcos ou o do Rogério.