A Prefeitura de Marília decretou luto oficial de três dias pela morte de José Salomão Aukar, promotor aposentado, ex-prefeito e ex-secretário municipal do Bem-Estar Social.
Profissionais de sucesso, políticos, referências das mais diversificadas áreas de atuação enviaram mensagens, estiveram no velório e confortaram a família.
Mas há atos mais significativos nesta despedida.
Pessoas simples, funcionários e ex-funcionários do Daem ou prefeitura nas carreiras mais humildes, moradores de comunidades que de alguma forma encontraram ou tiveram suporte de Salomão provocam alguns dos momentos mais emocionantes da despedida.
Mais um que a morte santifica? Longe disso. Mas o momento de reflexões e balanços que as despedidas geralmente provocam exige alguns reconhecimentos. E no caso de Salomão Aukar é deles que vale a pena falar.
Fez carreira em um dos mais transformadores órgãos da vida pública, o Ministério Público. Foi reitor e dirigente na Fundação Eurípides, Hospital Espírita e diversas entidades de atendimento social.
Foi voluntário em ações de todas as formas, do trabalho às contribuições financeiras, da gestão ao ombro amigo.
Depois de aposentado, tinha o direito e as condições para viajar, passear com os netos. Preferiu iniciar uma vida pública. Foi secretário do Bem-Estar Social, uma função que lhe cabia bem.
A partir da experiência, foi lançado e aceitou ser candidato a prefeito em uma chapa com a previsão de mudança, renovação, enfrentamento. Contra todos os prognósticos ganhou.
Fez um mandato combatido e combalido, recheado de histórias de boicotes, sabotagens, erros e dificuldades na formação de assessoria.
Vale dizer que estas dificuldades persistem. Há poucos médicos, engenheiros e arquitetos candidatos a cargos com salário – atualizado – na casa dos R$ 8 mil – para 24h de dedicação.
Após o mandato, voltou aos projetos sociais que tanto frequentou antes do cargo e fama.
No meio de tudo isso formou a família, criou filhos, viu crescer netos que são jovens inspiradores e viveu para abraçar e rir com o bisneto.
Morava na mesma na casa, na Santa Helena, onde vive também sua sogra, de 106 anos, atualmente hospitalizada, com o carinho e a proteção da família.
Tinha reconhecimento aonde fosse, nas cada vez mais raras ocasiões em que deixava sua casa. Reagia emocionado aos encontros.
Lembrar José Salomão Aukar pela vida política é uma agressão aos 84 anos fora dela, o que não impede de discutir essa atuação com grandes argumentos em favor do ex-promotor.
Espírita, acreditava em um plano superior, onde seriam curadas as dores da alma e mantida uma força maior para ajudar aqueles que cumprem missão na Terra.
É alento para familiares e amigos pensar que desta forma José Salomão Aukar possa se fazer presente, possa ser ajuda, abrigo.