O jornalista e cientista político Oliveiros da Silva Ferreira, 88, pioneiro do ensino de sociologia em Marília na década de 50, faleceu em São Paulo de causas naturais neste final de semana após longa carreira em universidades públicas e no jornal O Estado de S.Paulo.
Nascido em 1929 em São José do Rio Pardo, Oliveiros iniciou em Marília sua carreira como professor e correspondente do Estadão, onde ficou por toda sua vida.
Em 1951, pouco depois de concluir o curso de Ciências Sociais na USP, foi aprovado para serviço público e iniciou sua atuação como docente de sociologia na Escola Normal da cidade. Ficou um ano, até receber convite para assumir cargo de professor assistente na Universidade.
Na capital, além da vida acadêmica, atuou de repórter a diretor no Estadão. Defendeu em 1966 sua tese de doutorado sobre o peruano Haya de la Torre, intitulada Nossa América, Indoamérica – a Ordem e a Revolução no pensamento de Haya de la Torre.
Cinco anos depois, fez a livre docência com uma tese sobre Gramsci: Os 45 cavaleiros húngaros, na USP. Seus estudos na área de Ciências Sociais renderam 11 livros dedicados a problemas brasileiros e a questões internacionais.
Depois de aposentado, continuou a dar cursos de pós-graduação na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Também atuou como docente nos cursos de pós-graduação da Unesp.
Como redator-chefe, foi durante a ditadura o interlocutor entre a família Mesquita, dona do grupo Estadão, e os censores da repressão.
Para os registros da ditadura foi considerado trotskista e comunista, em uma vigilância agravada por passado de envolvimento com movimentos populares e organizações de orientação socialista. Deixou a esposa, Wania Leal Cintra, e o filho Afonso Ferreira.