A Polícia Federal lacrou na tarde desta terça-feira o prédio do jornal Diário, na rua Coronel Galdino, centro de Marília. Funcionários foram orientados a aguardar a operação no piso térreo do prédio. Policiais fizeram buscas e imagens nos andares superiores.
Por volta de 17h30 dois agentes deixaram o prédio e os funcionários foram avisados para entrar, retirar pertences e sair. Depois não poderão mais ter acesso, segundo informações obtidas com trabalhadores. Os motivos da operação e fechamento ainda não foram divulgados. O site do jornal também foi tirado do ar.
Uma das causas ventiladas seria ameaça a uma testemunha de inquérito federal que investiga crimes como lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Mas também há informações sobre eventual tentativa de trocar donos da empresa. Há um mandado de prisão, para um homem que seria contador no Paraná.
A operação foi comandada pela delegada Márcia de Oliveira Souza, da regional da PF em Marília. Os mandados para as buscas e fechamento do prédio chegaram à delegacia nesta tarde e foram imediatamente cumpridos.
Ela lacrou portas, equipamentos, determinou a retirada de sites e páginas de redes sociais do ar e entregou as chaves a um funcionário. Nem os carros podem ser movidos. O jornal está proibido dedivulgar qualquer informação.
O prédio oficialmente pertence a Sandra Norbiato, de Ribeirão Preto, investigada em inquérito que apura uso de seu nome como laranja para encobrir esquema de lavagem de dinheiro e mais quatro crimes.
O caso corre em sigilo de Justiça no Tribunal Regional federal, em São Paulo, por envolver acusações contra o deputado estadual Abelardo Camarinha. Como é feriado em São Paulo nesta quarta-feira, dia 25, aniversário da cidade, deve haver dificuldades em obter informações e mesmo protocolar medidas de defesa da empresa.
O caso provocou a Operação Miragem, em 2016, com buscas de documentos no prédio, no escritório do deputado, do seu filho e ex-prefeito Vinícius Camarinha, na residência deles e familiares e até na prefeitura, onde Vinícius cumpria seu mandato.
Sandra Norbiato chegou a ser detida em julho de 2016, quando a PF deflagrou a Operação Miragem para investigar série de crimes envolvendo a empresa. Apesar de figurar como dona, ela nunca participou de decisões administrativas ou contato com empregados no jornal.
A operação de 2016 lacrou duas rádios que eram mantidas em grupo com o jornal, a Diário FM e a Dirceu AM. O Diário não divulgou qualquer informação sobre a ação dos policiais.
As investigações – e o fechamento das rádios – agravaram a crise financeira para a empresa, que enfrentou até riscos de greve na redação nos últimos meses. Um funcionário que respondia pela empresa como procurador deixou o jornal. Nem isso fez com que a proprietária assumisse a gestão do jornal na cidade.