Vivemos em uma sociedade miscigenada, ou seja, que consiste na mistura de raças, de povos de diferentes etnias, provindos de relações interraciais, e que no Brasil ficou mais forte e em evidência no período da escravidão e pós, quando o governo brasileiro investiu na imigração de italianos e japoneses, na tentativa de branquear o país.
E com a miscigenação a coloração dos indivíduos passou a ser vasta, muitas cores, fazendo com que uma raça tenha mais de uma tonalidade, o que chamamos de colorismo, e é sobre esse termo que vamos refletir.
Mas afinal, o que é colorismo?
O termo colorismo foi usado pela primeira vez pela escritora Alice Walker no ensaio “If the Present Looks Like the Past, What Does the Future Look Like?”, que foi publicado no livro “In Search of Our Mothers’ Garden” em 1982 (Fonte: Blogueiras Negras) em que Walker descreve os níveis de preconceito de acordo com a tonalidade de pele de cada indivíduo.
Exemplo básico: quando mais escura a pele de um indivíduo for, este estará mais sujeito a sofrer com o preconceito.
Parece estranho, mas no Brasil isto está muito bem colocado, pois, quando mais próximo do padrão branco, mais o indivíduo será tolerado na sociedade.
Mas isso não significa que ele não sofrerá preconceito/racismo, ele apenas será “suportado” pela sociedade “padrão”, pois por mais que tenha a pele clara, seus traços ainda são negroídes e é isso que faz com ele que seja vítima do racismo, mesmo sendo claro, seus traços.
Porém sua tonalidade mais clara, próxima do padrão, lhe garantirá ter mais privilégios em nossa sociedade em relação aos indivíduos de pele mais escura.
Na época da escravidão, quando senhores de escravos estupravam escravas e desse ato violenta nasciam bebês com a pele nem negra e nem branca, era um meio termo, e que ficou conhecido como mulato, que deriva da palavra mula, animal que é fruto da mistura da égua com o burro. Assim, a pessoa mulata passou a ser o filho “meio humano (por ser claro) meio animal (por ter a cor mais escura) ”.
A questão do colorismo é muito complexa. Ela afeta o indivíduo em si, em relação à sua identidade e em relação aos outros, afinal, ser negro é “ruim” em nossa sociedade, porém o indivíduo é escuro demais para ser considerado branco, e isso faz com ele, o indivíduo, na maioria das vezes renegue sua origem negra, e passa a buscar estar mais próximo do padrão branco.
Infelizmente buscar estar próximo do padrão não é suficiente para isolá-lo de preconceitos/discriminação. É um processo complicado que transtorna qualquer ser humano: não ter sua identidade formada por questões sociais.
É um debate muito extenso, e por isso sábado, 04 de novembro de 2017 às 18 horas na praça das Bandeiras (do Teatro Municipal) vai acontecer a 2° roda de Conversa do Coletivo NEGRA SOU, que vai trazer esse tema à tona, e onde será mais profundo esse assunto, passando por todos os detalhes do colorismo, que está para além da questão de identidade, mas que é determinante em relações de trabalho, em relações afetivas, e em relação aos negros de pele escura.
Estão todos convidados.