
Marília - Quase dez meses após intervenção em fim de mandato, a Prefeitura de Marília devolve o Cacam (Centro de Apoio à Criança e Adolescente de Marília) a voluntários e a casa lotada já atrai investidores.
A instituição presta serviço que a cidade não oferece para acolher crianças em situações de violência, abandono ou risco. Tem estrutura e repasses com previsão de abrigar 20 crianças. Hoje tem 26.
Há anos os voluntários pedem uma nova unidade, com outros gestores, na zona sul, para dar sustentação ao serviços. A intervenção não avançou nada nesse sentido. Também não ampliou estrutura. O modelo de serviço não permite divulgação de imagens com as crianças no local.
“Já colocamos hoje três profissionais para atuar em reparos de material que encontramos com danos. Também pedimos uma capinação, o mato está muito alto”, disse Hederaldo José Benetti, dirigente da instituição.
Programas de atendimento como Tauste Ação Social e de instituições, como do Rotary, já anunciaram repasses que devem ocorrer nesta semana.
Na próxima segunda-feira haverá uma reunião com funcionários para organizar a retomada e promover eventuais ajustes de equipe.
Balanço das contas
Ele afirmou ainda que a diretoria ainda vai promover um levantamento contábil e administrativo sobre as condições do Cacam.
Retomar a gestão do Cacam é uma questão de honra. Vamos tirar essa situação ruim que ficou para a entidade. Criaram essa maldade. Arranharam o nome da instituição. Maldade contra mim também. Mas eu moro na casa em que nasci, nasceu minha mãe, nasceram meus filhos. A família está lá há 90 anos
Hederaldo Joel Benetti, presidente do Cacam
“Vamos apurar a situação das contas, depósitos de emendas, gastos, algumas verbas carimbadas que tinham uso específico”, explicou.
O Cacam também retoma as campanhas de captação de apoio na comunidade. Disse que em função da sobrecarga e das especificações dos serviços, o repasse oficial tradicionalmente não cobre gastos.
Alimentação, roupas, remédios, equipamentos, manutenção do prédio e até acompanhantes em casos de atendimento hospitalar inflam custos.
“Aonde o poder público não alcança a gente busca o apoio privado. Todos os apoiadores para quem eu liguei hoje já anunciaram que voltam a investir”, explicou.
História
O Cacam surgiu em 1992 pela falta de estruturas para abrigar crianças e adolescentes. Já passou por mudanças de gestão, legislação, estrutura e fiscalização.
Desde 1996 a administração é do Rotary Clube Marília de Dirceu, que já conseguiu até investimentos do exterior para a casa.
Em maio de 2024 a Corregedoria da Prefeitura anunciou uma intervenção sem detalhes de eventuais irregularidades. Virou processo administrativo.
No dia 12 o processo absolveu o Cacam e anunciou apurar denúncias de testemunhas. Ainda não divulgou os alvos da nova apuração.