Qualquer cidadão que disser a Daniel Alonso que ele é um prefeito igual a Camarinha – pai ou filho – vai soar ofensivo para os três. Mas tudo bem. Muito do que a cidade vive em virtude dos mandatos soa ofensivo a contribuintes e nada muda, nem os discursos oficiais.
A triste verdade do momento – e do futuro político próximo – é que Abelardo, Vinícius e Daniel tem muitas diferenças pessoais, de formação, de condutas e de mandatos mas também muitas semelhanças desastrosas.
A precária relação com a comunidade, a transparência limitada ao que interessa, a ligação personalizada e quase abusiva com a Câmara (que os vereadores governistas vão negar) e o jogo de palavras se repete de forma cada vez mais parecida em meio a medidas administrativas que contrariam promessas, expectativas e necessidades coletivas.
Para que não se fale em superficialidade, vale esclarecer mais caso a caso.
Na relação com a comunidade os conselhos são subaproveitados, as audiências públicas são meras apresentações coletivas, os debates antes das medidas não existe, a aproximação de associações, bairros, entidades e sindicatos era e é nula.
A transparência então nem precisa muita análise. Números sobre crise, dívidas, gastos, contratos são difíceis de encontrar como os nomes dos políticos em notícias negativas.
A relação com a Câmara passa longe de esclarecer dúvidas, dar prazo aos debates ou conseguir apoio baseado em convencimento de benefícios coletivos. Vive a encontros, promoção e contatos personalizados.
Sobre as medidas desastrosas estão aí os calotes, rombos, projetos polêmicos, gastos desnecessários, conturbada relação com servidores, promessas não cumpridas, ruas intransitáveis etc.
E como Daniel é o nome da vez no cargo e um potencial candidato a repetir mandato, impossível não dar a ele mais espaço.
Acumula calotes ao Ipremm, na Saúde, ações judiciais contra a administração reproduzidos quase na mesma medida dos discursos com ufanismo mal direcionado sobre recuperação das contas públicas e gestão eficiente.
Ao final do terceiro ano de administração repete a conhecida história de que herdou uma cidade quebrada, a mesma que os antecessores contam desde a década de 80. E todos, sem exceções, tiveram momentos de gastos suspeitos, polêmicos, em meio ao choro pela falta de dinheiro.
A cidade não tem dinheiro para o Ipremm, vai parcelar e usar um repasse federal como garantia do financiamento. O mesmo repasse que neste quadro de incapacidade financeira vai sustentar também um empréstimo de R$ 23 milhões para obras como praças em pleno ano eleitoral.
A cidade não faz festa em datas como dia da independência mas gasta com show e estrutura de festa para festa do IPTU, uma fonte de arrecadação tão importante que provoca cobranças e protestos contra moradores de todas as classes. Para festa com show tem.
Aqui vale parar um pouco e lembrar outro discurso velho: é um presente para a cidade, uma festa de final de ano, dedicada a moradores que não têm acesso a eventos, após um ano de poucos e raríssimos investimentos e projetos culturais nos bairros aonde vivem estes contribuintes e com falta de investimentos em artistas e arte na cidade.
Eleitores e seguidores de todos os lados vão encontrar argumentos para defender os seus preferidos. Bem, em momento algum foi dito aqui que tenham sido completos inúteis ou que não tenham dado importantes contribuições à cidade.
O que se discute cada vez mais, e deve ser o tema da campanha de 2020, é se fizeram o que poderiam ou só o que quiseram, se atenderam expectativas, se nas diferenças fizeram a cidade melhor ou pior em suas épocas e se prepararam Marília para crescer no futuro, que ao final, o foco da eleição em 2020.