Um programa pioneiro desenvolvido pela Unimar (Universidade de Marília) para transformar bebidas alcoólicas em produtos de higiene vai reaproveitar contrabando apreendido pela Receita Federal em Presidente Prudente. A primeira carga foi entregue hoje e já entrou em processo de transformação.
O projeto já existe há dez anos em Marília e aproveita material encaminhado pela Receita Federal e Polícia Federal na cidade. As bebidas são transformadas em álcool gel e desinfetante, doados para programas sociais da cidade.
Segundo a equipe da Receita que esteve na cidade para entregar o material, a apreensão de bebidas em Prudente não é tão volumosa. Aquela região registra volume maior de cigarros contrabandeados, produto que ainda está em análise de reaproveitamento na universidade.
Além de ampliar a atuação, a apreensão apresentada nesta terça-feira teve como novidade recolhimento de latas de energético. O produto será fermentado, para virar álcool, e depois processado com as bebidas.
Todo o trabalho é desenvolvido pelo curso de farmácia da universidade, com participação dos estudantes em diferentes fases do processo, inclusive esvaziar todas as garrafas e latas em tanques do “alambique” montado na universidade.
Segundo o professor Vitor José Miranda das Neves, coordenador do projeto, em dois dias de trabalho as bebidas podem estar transformadas em álcool.
Além do trabalho no alambique, ele apresentou novas etapas do estudo que prepara o reaproveitamento de cigarros contrabandeados, que envolve mais cuidados e mais desafios.
Todos os maços precisam ser divididos em diferentes recipientes que separam embalagens, fumo, filtro, papel do cigarro e papel metalizado dos maços.
A idéia inicial era produzir piso e calçadas com os filtros, pesticidas com o fumo e analisar possíveis ocupações para o papel do cigarro, que contém substâncias tóxicas mais perigosas.
Mas o projeto da calçada não teve o resultado previsto e o fumo exige análises extras, que envolvem gastos de R$ 1.800 por marca de cigarro apreendido, na investigação de metais pesados, que poderiam contaminar solo e produtos agrícolas. O curso testa novas ideias, como usar o filtro em estofados.
Além destes projetos, o professor apresentou laboratório e iniciativas que envolvem produção de xaropes, produtos de higiene pessoal, vinagre caseiro e até cachaças especiais.