A instalação da RCG em Marília abre uma nova fase de relações intermunicipais que – pelo menos na minha geração – não se viu. Isso porque a empresa com sede em Garça lançou investimento novo em cidade nova e ainda apresentou um desafio: quem me der área ganha outro projeto de expansão.
O anúncio da empresa saiu quase como um ultimato e é de forma clara uma pressão por decisão que joga as prefeituras em um sistema de leilão: quem dá mais para ter alguns empregos e impostos a mais. Não é lá muito bonito, mas pode ser bem eficiente.
Mas também não é muito bonito que uma empresa com vontade de investir tenha de passar aí meses esperando uma definição sobre áreas ou benefícios. Convenhamos, não há assim tanta gente por aí anunciando proposta para investir ou empregar. Quem anuncia precisa ser ouvido.
Não há uma disputa oficial, formalizada, entre as cidades. Mas sempre houve uma disputa implícita entre diferentes regiões. A novidade deste caso é o cabo de guerra que se forma entre vizinhos. E isso tende a se agravar. Essa ideia de dar áreas pode entrar em extinção. No dia em que foi lançado o projeto de investimentos da RCG, caciques da política local já diziam: não há áreas, não há verbas e nem infraestrutura disponível para ficar desapropriando e doando.
Ou seja, as cidades precisam encontrar outras formas de benefícios para atrair investidores. Guerra fiscal tem sido a prática mais comum quando a disputa ocorre entre Estados. Isso tem sido um problema também, mas nada comparável aos danos de atravessar um mandato sem atrair empresas, empregos e eleitores felizes.
Milho aos pombos, não
É preciso uma dose considerável de civilidade para – em meio a uma crise, anúncio de corte de gastos ou falta de água em bairros que nunca tiveram esse problema – propor, sustentar e fazer aprovar um projeto de lei para inibir alimentação de pombos. Pombos são uma praga. Mas diferente de ratos e baratas são uma praga com ótima imagem pública. Um considerável número de pessoas gosta de pombos. E dar milho a eles.
Pombas brancas são símbolo de harmonia. A pegada da pomba é o símbolo da paz. Como é que você vai proibir alguém de dar comida para o símbolo da paz? Um vereador – Wilson Damasceno – propôs e a Câmara toda bancou. Bacana. O problema é: se a prefeitura não consegue impedir nem despejo de entulho e lixo – que enchem as ruas de ratos e baratas, detestados em qualquer lugar – não é a alimentação de pombos que os fiscais vão conseguir impedir.
Ainda assim, a ideia é bacana.
Ainda a gasolina
Tucanos de sempre e Os Novos Tucanos estão por aí apregoando que apenas eleitores de Dilma deveriam pagar o aumento da gasolina. Mas uma bobagem que os dirigentes tucanos não cometem e deixam a seu eleitorado de má fé ou má formação fazer. FHC aumentou muito mais. Os economistas do alto clero da oposição, aliás, estão por aí alardeando que o aumento precisaria ser maior para a Petrobras poder investir.
Agora, isso não dá também aos petistas e novos petistas o direito de comemorar o fato de que os reajustes com FHC eram maiores. O reajuste é ruim e ponto. Dizer que prejudicou menos o cidadão comum não é lá um bom argumento. Aí, te ferrei menos, me ame….não funciona. Dilma precisava mexer no preço para não prejudicar a Petrobras? OK. E agora, o que vem por aí para que o cidadão possa fazer renda, emprego e bancar o aumento da gasolina e do diesel e os outros reajustes que vem na esteira? Há um mandato pela frente para fazer muito mais.
Até lá virão várias e várias bobagens. De um de lado e de outro.