A Polícia Civil de Marília encaminhou à 3ª Vara Criminal da cidade o relatório final do inquérito que provocou a prisão do empresário e agropecuarista Carlos Eduardo dos Reis, 40 anos, acusado de extorsão contra Felipe Gaspar, filho de Ralf Gaspar, apontado como mandante da execução em que foi morte Walter Luiz Aparecido Marcondelli Júnior, em dezembro do ano passado.
O relatório da extorsão indicia o empresário em documento que lista detalhes da cobrança, de conversas em mensagens e uma gravação de áudio que foram inclusive registradas em cartório e também da defesa do acusado durante seu depoimento à polícia, cita depoimentos de policiais que participaram da ação, de Felipe e do acusado.
O relatório da polícia cita ainda um advogado, que já teria atuado na defesa de Ricardinho em outros processos e que foi citado nas conversas registradas.
Segundo a polícia, o advogado esteve recentemente no presídio em visitas ao atirador, mas o documento não cita investigações ou medidas de apuração a respeito destes contatos.
Ralf Gaspar foi lbertado após a revelação do caso de extorsão contra seu filho. Veja abaixo a descrição momento a momento dos fatos até a prisão.
– O contato
Diz a acusação que no dia 24 de agosto, à noite, Carlos envia mensagens por WhatsApp a Felipe diz que eles precisam conversar pessoalmente. Marcam para o dia 28 de agosto
– O encontro
O encontro teria ocorrido dia 28 de agosto, à noite, na casa de Felipe. O empresário mostra documentos da defesa apresentada por Ralf, pai de Felipe, e diz que aquela linha só vai prejudicar ainda mais a situação de Ralf.
– Suspeito oculto
A acusação afirma que o acusdado apontou como “única saída” para Ralf pagar uma quantia para que ele, em conjunto com outra pessoa cujo nome não é revelado, fizesse a manipulação do depoimento de Anderson Ricardo Lopes, o atirador e réu confesso na morte da Walter Marcondelli.
Teria dito também que a intervenção seria feita diretamente com Anderson e por sua esposa, chamada na conversa de ‘Loira’ e sugere ainda ‘costurar’ os depoimentos das testemunhas em defesa de Ralf, além de incriminar outras pessoas: B., autor protegido que virou testemunha no caso da execução, e P., com quem Marcondelli teve um relacionamento.
– Valor e, outra vez, o oculto
O registro do caso aponta que o acusado disse reconhecer a inocência de Ralf e teria culpado uma ‘armação’ pela prisão do empresário. E pediu R$ 120 mil para que ele outra pessoa ‘de identidade não explicitada’, manipulassem Anderson Ricardo.
– Parcelamento
No dia 29, Carlos teria pedido uma resposta e Felipe afirmou que falaria com sua irmã. Depois respondeu com proposta de pagar R$ 35 mil naquela semana, mais R$ 25 mil na semana seguinte e o resto quando Ralf fosse libertado.
Segundo a denúncia da família, o empresário respondeu: “Felipinho vê se consegue 40.000 e 20 aviso ‘que está aplicado e a aplicação vai dia 6’” e disse mais tarde: “irmão confia em mim vamos tirar seu pai dessa”.
– Certeza absoluta
O documento diz que Felipe ainda questionou naquela tarde do dia 29: ‘mas é certeza?’ e a resposta foi que sim “a única saída, por isso eu pedi pra rachar em dois pra dar segurança a vcs”.
O caso foi então levado ao Ministério Público e encaminhado para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais). No dia 31 a conversa foi registrada em um cartório com degravação de áudios e imagens de telas de celular com os diálogos.
– A prisão
No dia 31 foi marcado o encontro para a entrega do dinheiro, às 17h, na casa de Felipe. Policiais ficaram do lado de fora e acompanharam desde o anúncio da chegada do empresário até sua entrada na residência.
O relatório diz que os dois conversaram na sala da casa e em contato monitorado o acusado teria dito que na próxima visita a esposa de Ricardinho já iria combinar com o marido o novo depoimento.
Segundo a polícia, Felipe teria entregado o dinheiro e saído. Os policiais abordaram o acusado, recolheram o dinheiro e todos foram levados à Central de Polícia Judiciária.
– A defesa
Carlos Eduardo negou extorsão, disse ter sido procurado por Felipe há 40 dias com pedido de ajuda para libertar seu pai e que ele teria afirmado que não poderia ajudar.
O empresário preso era primo de Walter Marcondelli e comanda com a família uma empresa de compra e venda de carros em frente àquela em que Walter atuava e onde foi morto em 7 de dezembro de 2023.
Disse ter sido procurado por Felipe no local aproximadamente dez dias antes da denúncia de extorsão. Afirmou que Felipe pediu ajuda e ainda falou em tom de ameaça. Na delegacia, afirmou que só conversou com Felipe sobre ajuda para reforma em um veículo e que foi ao local buscar dinheiro para pagar o mecânico.