Se eu morrer amanhã, vou sentir saudades do tempo em que era criança e passava as minhas férias em Bauru na casa do meu avô paterno e do meu tio irmão do meu pai. Dos poucos amigos que fiz por lá e das minhas primas que tanto me faziam rir e ainda fazem quando nos encontramos. Dos churrascos, músicas e longas conversas com meu tio.
Sentir saudades dos churrascos também na casa do meu avô materno, dos meus primos, tios e tias que tantos participaram da minha vida e ainda participam. Das brincadeiras e risadas quando estamos reunidos. Da época ainda da construção da casa e tempos depois, das caipirinhas de caju que ele (meu avô) fazia e bebia ao lado de um tio da minha mãe.
Do meu time de futebol que tanto me fez sofrer e ainda as vezes faz, porém, que já me deu muito mais alegria do que sofrimento e tenho certeza, que ainda dará muito mais a nação alvinegra. Dos gols do craque neto que aliás, ao lado do Maradona, foram os melhores meias que eu já vi jogar. Da copa do mundo de 1986 e dos outros mundiais.
Das escolas que passei como aluno e professor, de alguns poucos colegas de trabalho, daqueles alunos que eu encontro na rua e dizem que venceram na vida e também de raríssimos diretores que ficam do nosso lado e não do sistema. Das viagens para São Paulo que fiz com o sindicato lutando pelos nossos direitos e também das festas de final de ano quando todos participavam, mesmo não se afastando de suas “panelinhas” montadas na escola.
Dos carnavais e suas marchinhas que tantos participei nos clubes como folião e depois tocando com a Banda do Barreto. De alguns bares nos quais frequentei e ainda frequento, de seus donos e garçons. Das conversas de bares que são as melhores filosofias de vida, muitas vezes melhores que as dos livros. De todos os verdadeiros amigos que eu fiz.
Dos meus pais, irmãs, das minhas filhas, sobrinhos e sobrinhas, da família da minha mulher (um anjo na minha vida) que virou a minha família, das bondades de todos e também das maldades de alguns, que só serviram para abrir meus olhos e enxergar melhor a vida.
Enfim, ainda bem que não irei morrer amanhã, ainda tenho muito o que viver e aprender para aí sim, quando morrer, encontrar uma vida melhor ao lado de todos que citei.
(Inspirado em Carlos E. Cony)