Marília

Sem Herval na Câmara, protesto cresce e Damasceno sugere "volta à cadeira de vereador"

Sem Herval na Câmara, protesto cresce e Damasceno sugere "volta à cadeira de vereador"

O movimento Fora Herval conseguiu nesta segunda-feira o maior tempo de protesto durante sessão da Câmara e a primeira manifestação oficial de um vereador para afastamento do presidente da Casa, Herval Rosa Seabra (PSB), condenado em primeira instância por peculato. E tudo isso justamente na noite em que Herval não pode interferir nem reagir: estava fora do plenário.

Durante pouco mais de 30 minutos os manifestantes puderam gritar palavras de ordem, interferir nos discursos e até participar de discussões com vereadores. Foi em meio a um destes momentos de bate-boca que o tucano Wilson Alves Damasceno fez o primeiro pedido de um vereador para que Herval deixe a presidência da casa.

Damasceno, um dos três vereadores de oposição, lembrou que a condenação não é definitiva e pode ser mudada pelo Tribunal de Justiça, mas disse que a condenação  abala a legitimidade de Herval.

“Nosso presidente, gostaria que ele estivesse ali sentado na mesa, me preparei para falar na presença dele: gostaria que ele voltasse a sentar na cadeira de vereador”, disse Damasceno.

A frase ganhou apoio mas não serviu para acalmar manifestantes, que antes de Damasceno já faziam quase 15 minutos de protestos. Sem o presidente e sua reação rápida a cada manifestação, as críticas seguiram livres. E o nível caiu algumas vezes.

“Pensa que eu sou covarde, seu palhaço, pensa que eu tenho medo de moleque?”, disse Coraíni em um dos momentos mais tensos, enquanto era interrompido por criticar a forma dos protestos. O mesmo Coraíni acusou manifestantes de “não enxergar um palmo na frente do nariz” e soltou um “cala a boca”.

As interferências ganharam força quando o segundo vice-presidente, Samuel da Farmácia, presidia os trabalhos. Herval deixou a mesa pouco antes e o primeiro vice, Marcos Rezende (PSD), usava a Tribuna.

O protesto acompanhou todo o pronunciamento de Rezende, por quase dez minutos. Os gritos voltaram durante o pronunciamento seguinte, de Damasceno (PSDB), que pediu ao público respeito e a possibilidade de discursar sem interrupções.

Segundo o vereador, a permanência de Herval no comando do Legislativo provoca as manifestações e prejudica os trabalhos. “Isso que estamos vivenciando aqui não pode prosperar, não deve prosperar, para o bem dessa casa que eu ainda imagino seja casa do povo.”

As manifestações acompanharam também todo o tempo de Coraíni, que começou seu discurso com uma resposta às críticas generalizadas. “Reconheço a razão de indignação dos senhores. Não reconheço o direito de duvidar da minha posição depois de 60 anos nessa cidade, tudo fiz, enfrentei sozinho”, disse o vereador.

MANIFESTAÇÃO

O protesto foi convocado como reação a duas decisões da mesma vara judicial: a condenação de Herval Rosa Seabra por peculato e a rejeição a um pedido do Ministério Público para que o vereador fosse afastado do cargo.

Herval foi condenado em primeira instância – com direito a recorrer em liberdade e no cargo – por desvio de pouco mais de R$ 4 milhões com descontos fraudulentos de cheques do Legislativo. Com ele foi condenado também o ex-diretor da Casa, Toshitomo Egashira. Herval deve apresentar nos próximos dias os termos de seu recurso com pedido para que o Tribunal de Justiça reveja a decisão.