Marília

Sobre lojas e mentes fechadas

Sobre lojas e mentes fechadas

As redes sociais – um espaço ainda não delimitado mas de muita influencia nos debates recentes sobre a cidade – foram inundadas nos últimos dias com informações, críticas e defesas do grupo Casa Sol, empresa do prefeito Daniel Alonso que hoje é oficialmente administrada por seus filhos e que fechou uma filial, em Lins

Desde 2016, com a campanha eleitoral, as notícias sobre dificuldades financeiras da empresa, viraram tema de debate e jogo eleitoral, na maioria das vezes fora de contexto e com uma exploração maldosa – para dizer o mínimo-.

A Casa Sol está com dificuldades como dezenas de outras empresas e os processos de cobranças, execuções, falências e recuperação judicial estão aí para mostrar. A exposição direcionada prejudica a negociação, ameaça funcionários e saúde financeira do grupo.

Fazer isso por interesse político é o mais descabido e sujo egoísmo político, que tem sempre um foco: ter ou manter o poder e com ele cargos, contratos e uma vida longe do difícil mercado de trabalho e do empreendedorismo, sempre arriscado.

A cidade viu dezenas de empresas fechar, grandes delas, sem grupos políticos chamar os donos de incompetentes ou atacar os gestores e esperar o pior para funcionários.

A Casa Sol sofre uma exposição indevida porque o dono virou político, enfrentou e venceu grupo político forte e descontrolado nos ataques. O caso das rádios Clube AM e Itaipu FM, que envolvem Daniele Alonso, filha do prefeito, seguiu caminho semelhante

Mas nem por isso a defesa apaixonada do grupo e seus donos pode deslizar para o vitimismo ou para o discurso já cansativo da luz contra as trevas.

Quem fala hoje sobre o respeito aos funcionários não teve a mesma preocupação quando a Justiça fechou as rádios Diário FM, Dirceu AM e o jornal. Foram dezenas de desempregados em momento que os adversários do grupo de Camarinha celebraram e fizeram muita piada. Também não houve festa para investimentos que chegaram.

E há um mal maior em tudo isso. A atenção que a crise da Casa Sol atrai é sempre uma cortina para crise política e administrativa que é de toda a cidade. Só para ficar no setor das empresas, o centro comercial é um cemitério de prédios fechados em que a crise e retração são alimentadas pela especulação e cobranças descabidas como as antigas luvas. O oba oba político nem arranha essa situação.

O debate político está polarizado entre dois grupos e põe de um lado o atual prefeito que caminha para fechar o primeiro ano sem cumprir promessas importantes e com acumulo de maus momentos, e do outro o grupo do ex-prefeito Abelardo Camarinha, que além da história de problemas na administração em pouco mais de um ano virou alvo de três ações federais com acusação de crimes comuns e administrativos.

A cidade tem mais a conhecer e a oferecer além disso. A cidade precisa mais do debate político além do jogo de acusações e do discurso “a luz contra trevas”. Aliás, grandes contratos e medidas dos agora chamados de “profetas do mal” estão aí em vigor e uso na gestão.

Os “iluminados” chegam ao dia 10 de dezembro com servidores sem salários, sem soluções para a categoria, sem mudanças práticas no relacionamento com a comunidade, com um orçamento debaixo de críticas sem participação popular e com gastos milionários com publicidade, em crise com entidades tradicionais, denunciado ao MP por diferentes motivos. Achou parecido com dezembro do ano passado?

O projeto de Cidade Linda, Limpa e Próspera tem ainda boas perspectivas e possibilidades. A gestão das contas está mais transparente, até porque há mais pressão para isso, e pode avançar ainda mais.  Ah mas se ele não sabia gerir a Casa Sol como vai gerir a cidade?

A Casal Sol passou anos sob gestão de crescimento, que mesmo os adversários elogiavam  procuravam enquanto Daniel não entrou na política.

Outras empresas antes dela, no mesmo setor e até endereço, passaram por crise. É ruim para a cidade e para os funcionários que ela esteja assim e é ruim que a crise seja agravada por jogo eleitoral.

Na prefeitura, Daniel não é dono e o que se espera dele não é a postura de um empresário diretor de grupo comercial, mas de um líder que reúna sociedade, empresas, sindicatos, trabalhadores, bairros e entidades em um projeto de desenvolvimento sustentável com justiça e igualdade social.

Não precisa ser rico, não precisa ser o empresário do ano, não precisa de diploma para isso. Precisa de vontade e coragem política e falta disso preocupa muito mais que a eventual falta de habilidade como empreendedor.