O projeto de lei número 25/2019, assinado pela Mesa da Câmara de Marília, para dar um superaumento de 16,38% aos salários do prefeito Daniel Alonso, do vice Antonio Augusto Ambrósio, o Tato, e dos secretários municipais, ignora dez reajustes aprovados nos últimos anos e uma alta de 33% nos subsídios.
A principal justificativa da mesa – formada pelos vereadores Marcos Rezende (presidente da Câmara), Evandro Galette e João Diniz, o João do Bar, indica que desde 2008 o Legislativo não promove um ato fixatório dos subsídios e justifica com pressão do Tribunal de Contas.
O jogo de palavras embute dois enganos. Em 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015, 2017 e 2018 a Mesa da Câmara apresentou projetos de revisão dos subsídios.
Só o prefeito Daniel Alonso já promulgou duas leis resultantes destes projetos – iniciativas dos vereadores – que aumentaram seus próprios salários.
Os três vereadores amigos – todos são governistas de carteirinha – pretendem elevar o salário de Daniel dos atuais R$ 16.604,76 para R$ 19.429,36. Tato, o vice que não tem mais qualquer função administrativa após seu rompimento com Daniel, veria seu salário subir de R$ 11.130,32 para R$ 12.953,46.
E como a ideia de anos sem reajustes é um engano, o índice de aumento para o salário também vira um escândalo. Os subsídios de prefeito e vice já subiram 33% com todos os reajustes aprovados a partir de 2008, data que os vereadores amigos apontam como último ato oficial de reajuste. Mário Bulgarelli, que assinou o primeiro os dez aumentos, em 2010, recebia R$ 11.137.
A ideia de apontamento do TCE também é supervalorizada pela pressa em aprovar o reajuste. Sem conferir os outros aumentos e com argumentos frágeis, a Câmara teria o ano Legislativo para promover a medida. O prazo permitiria, por exemplo, esperar que os vereadores e a prefeitura definam primeira o reajuste para os servidores.
O prefeito Daniel Alonso ainda não fez nenhuma manifestação sobre o projeto.Confira abaixo todas as leis aprovadas por iniciativa da Câmara e que reajustaram os salários dos prefeitos desde 2010
Projeto de Lei nº 98/2010, que deu origem à lei 7146 DE 22 DE JUNHO DE 2010
Salário do prefeito – R$ 11.728,37
Salário do vice – R$ 7.819,26
Salário dos secretários – R$ 5.867,87
índice de reajuste – 5,31 %
Projeto de lei Nº 78/2011, que deu origem à Lei 7274 de 21 de junho de 2011
Salário do prefeito – R$ 12.549,35
Salário do vice – R$ 8.366,60
Salário dos secretários – R$ 6.278,62
7%
Projeto de lei nº 033/2012que deu origem à Lei 7397 de 3 de abril de 2012
Salário do prefeito – R$ 13.427,80
Salário do vice – R$ 8.952,26
Salário dos secretários – R$ 6.718,12
7%
Projeto de lei nº118/2013, que deu origem à Lei 7572 de 03 de dezembro de 2013
Salário do prefeito – R$ 14.397,29
Salário do vice-prefeito – R$ 9.598,61
Salário dos secretários – R$ 7.203,17
7,22%
Projeto de lei nº 036 que deu origem à Lei 7607 de 29 de abril de 2014
Salário do prefeito – R$ 15.206,41
Salário do vice-prefeito – R$ 10.138,05
Salário dos secretários – R$ 7.67,98
5,62%
Projeto de lei 067/2015 que deu origem à lei 7795 de 12 de maio de 2015
Salário do prefeito – R$ 15.890,70
Salário do vice – R$ 10.594,26
Salário dos secretários – R$ 7.950,34
4,5%
Projeto de lei 055/2017 que deu origem à lei 8079 de 25 de abril de 2017
Salário do prefeito – R$ 16.208,51
Salário do vice – R$ 10.806,14
Salário dos secretários – R$ 8.109,34
2%
Projeto de lei 074 de 2018 que deu origem à lei 8225 de 25 de abril de 2018
Salário do prefeito – R$ 16.694,76
Salário do vice – R$ 11.130,32
Salário dos secretários – R$ 8.352,64
3%